Encontro Nacional do PCP sobre Eleições Legislativas

Conquistar votos, olhos nos olhos

Mais de mil mi­li­tantes do PCP par­ti­ci­param, do­mingo, no En­contro Na­ci­onal do Par­tido sobre as Elei­ções Le­gis­la­tivas de 5 de Junho. A sete se­manas do acto elei­toral, co­mu­nistas de todo o País tro­caram opi­niões sobre o es­tilo de cam­panha e afi­naram os ar­gu­mentos a uti­lizar. Saíram todos da Voz do Ope­rário mais mo­bi­li­zados para en­frentar a ba­talha do es­cla­re­ci­mento.

Na cam­panha, cada mi­li­tante será cha­mado a dar uma con­tri­buição de­ci­siva

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A cam­panha elei­toral da CDU será uma grande cam­panha po­lí­tica de massas, ac­tiva, cri­a­tiva e di­nâ­mica, as­sente na acção dos mi­li­tantes do PCP e do PEV e de nu­me­rosos ac­ti­vistas da co­li­gação sem fi­li­ação par­ti­dária. Se tinha já sido de­ci­dido que assim de­veria ser, no En­contro Na­ci­onal de do­mingo ficou claro que assim será efec­ti­va­mente.

O mote foi dado logo a abrir por Jorge Cor­deiro, do Se­cre­ta­riado e da Co­missão Po­lí­tica do CC, que con­si­derou fun­da­mental o con­tacto di­recto para cons­truir o re­sul­tado da CDU. A acção na­ci­onal Um mi­lhão de con­tactos por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda cons­titui o ele­mento cen­tral para a con­cre­ti­zação deste ob­jec­tivo, afirmou. Para esta acção, pros­se­guiu Jorge Cor­deiro, «cada membro do Par­tido, cada ac­ti­vista da CDU, é cha­mado a dar uma con­tri­buição de­ci­siva para am­pliar o es­cla­re­ci­mento e para am­pliar a con­fi­ança de que é pos­sível, com o apoio e o voto na CDU, um outro ca­minho e uma outra po­lí­tica».

A exi­gência desta magna ta­refa – con­tactar um mi­lhão de pes­soas – exige en­tu­si­asmo e também muita or­ga­ni­zação, des­tacou Ar­mindo Mi­randa, da Co­missão Po­lí­tica. Para que tenha êxito, su­bli­nhou, urge «po­ten­ciar ao má­ximo o co­lec­tivo par­ti­dário, a sua força or­ga­ni­zada e a sua ex­tra­or­di­nária ca­pa­ci­dade de trans­for­mação», es­ti­mu­lando o papel de cada mi­li­tante no con­tacto com os ou­tros – «seja nas ac­ções de cam­panha em que par­ti­cipa seja através do es­ta­be­le­ci­mento de com­pro­missos de con­tactos por sua ini­ci­a­tiva in­di­vi­dual». A ideia é que cada mi­li­tante tenha como re­fe­rência da sua acção o es­ta­be­le­ci­mento de um mí­nimo de vinte con­tactos. O en­vol­vi­mento do maior nú­mero pos­sível de mi­li­tantes e ac­ti­vistas no com­pro­misso de es­ta­be­lecer con­tactos, a cri­ação de equipas que per­corram bairros ou que se res­pon­sa­bi­lizem por con­tactar pes­soas pre­vi­a­mente de­fi­nidas ou a or­ga­ni­zação de bancas de rua são li­nhas de acção fun­da­men­tais su­bli­nhadas por Ar­mindo Mi­randa.

 

Papel, me­ga­fones e carros de som

 

Ana Pato, do Co­mité Cen­tral, re­alçou a im­por­tância de re­a­lizar ac­ções «nos ter­mi­nais de trans­portes, nos cen­tros de em­prego, nos mer­cados, à porta das em­presas, nos cen­tros co­mer­ciais, nas es­colas», lem­brando que a pro­pa­ganda es­crita «deve ser um pre­texto para a con­versa».

Mais do que dis­tri­buir um papel, a res­pon­sável pelo De­par­ta­mento de Pro­pa­ganda do Par­tido con­si­derou que as ac­ções da CDU devem ser ver­da­deiras «ac­ções de agi­tação». Basta, para isso, «levar um me­ga­fone ou um carro de som, umas ban­deiras ou uma faixa, para fazer toda a di­fe­rença». Na cam­panha elei­toral, que já se ini­ciou, Ana Pato re­alçou que «todos os meios de pro­pa­ganda devem ser uti­li­zados: car­tazes mupi e out­door, fo­lhetos, faixas, pen­dões, carros de som, tempos de an­tena, ví­deos, In­ternet, bancas de rua, porta-a-porta, pin­turas de mu­rais, pi­cha­gens, e tudo o mais que a cri­a­ti­vi­dade per­mitir».

Já Vi­cente Me­rendas, da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal, pôs a tó­nica na ne­ces­si­dade de con­tactar os tra­ba­lha­dores nas em­presas: «Cada cé­lula deve estar pre­sente com o seu bo­letim ou co­mu­ni­cado e onde isso não for pos­sível as co­mis­sões con­ce­lhias devem as­sumir esse papel». Em sua opi­nião, os tra­ba­lha­dores «não podem deixar de ser in­for­mados da per­gunta, da vi­sita que fi­zeram os nossos de­pu­tados, porque esses tra­ba­lha­dores devem ser re­lem­brados que nos mo­mentos di­fí­ceis lá es­ti­veram os de­pu­tados do PCP».

Quando os co­mu­nistas e seus ali­ados es­tavam prestes a ini­ciar um in­tenso pe­ríodo de cam­panha elei­toral, Bel­miro Ma­ga­lhães, do Co­mité Cen­tral, alertou para pos­sí­veis ten­ta­tivas de li­mi­tação do di­reito de pro­pa­ganda. No dis­trito do Porto, lem­brou, «há vá­rias câ­maras mu­ni­ci­pais que pro­cedem à re­ti­rada ilegal de pro­pa­ganda do PCP, da CDU e da CGTP-IN». No caso do con­celho do Porto, há mesmo um re­gu­la­mento (já con­si­de­rado ilegal pelas ins­tân­cias ju­di­ciais) que pro­cura im­pedir a co­lo­cação de pro­pa­ganda po­lí­tica nas prin­ci­pais zonas e ar­té­rias da ci­dade, a que o PCP tem vindo a dar um in­can­sável com­bate.

 

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Mo­mento para re­forçar o Par­tido

 

Na pre­pa­ração das elei­ções de 5 de Junho «mantém ac­tu­a­li­dade e im­por­tância» a con­cre­ti­zação da acção Avante! Por um PCP mais forte, su­bli­nhou Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica. Neste pro­cesso, exige-se uma atenção par­ti­cular à res­pon­sa­bi­li­zação de novos qua­dros por ta­refas di­rec­ta­mente re­la­ci­o­nadas com a cam­panha, de­sig­na­da­mente na pro­pa­ganda e no con­tacto e es­cla­re­ci­mento no âm­bito da acção do mi­lhão de con­tactos. Jaime Toga apelou aos co­mu­nistas para que, ao con­tac­tarem com os tra­ba­lha­dores para o voto na CDU, se lem­brem que muitos que só não ade­riram ainda ao Par­tido porque «não lhes pro­pomos». «Fa­çamo-lo, por isso, agora», con­cluiu.

Ma­nuela Pinto Ângelo, por seu lado, apelou aos mi­li­tantes e or­ga­ni­za­ções para que se em­pe­nhem na cam­panha de fundos lan­çada pelo Par­tido por oca­sião desta cam­panha elei­toral – di­ri­gindo-se, também para a con­tri­buição fi­nan­ceira, a «todos os que vêem no PCP e na CDU, e no seu re­forço po­lí­tico e elei­toral, a con­dição ne­ces­sária e in­dis­pen­sável para a rup­tura com 35 anos de po­lí­tica de di­reita ao ser­viço do ca­pital, pro­ta­go­ni­zada por PS, PSD e CDS, e por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda». Só assim, re­cru­tando, res­pon­sa­bi­li­zando e an­ga­ri­ando fundos, o PCP po­derá estar – no dia 6 de Junho e nos dias, se­manas, meses e anos que se se­guem – em me­lhores con­di­ções de pros­se­guir a sua luta.


Nas urnas, nas ruas e nas em­presas
In­ten­si­ficar a luta que con­tinua

 

As elei­ções de 5 de Junho têm que ser en­ca­radas como «se de um dia de luta na­ci­onal de tra­tasse», pois é o dia em que o voto «as­sume a forma de luta» e o «pro­testo, a in­dig­nação e a luta terão de ser ex­pressos através do voto e do voto na CDU». Esta ideia foi trans­mi­tida no En­contro Na­ci­onal por Paulo Rai­mundo, da Co­missão Po­lí­tica, para quem este está longe de ser o único mo­mento de luta que se de­para aos co­mu­nistas no fu­turo pró­ximo.

O pri­meiro desses mo­mentos, adi­antou, é a «con­ti­nu­ação da luta em cada em­presa, em cada local de tra­balho, luta que está em pro­fundo de­sen­vol­vi­mento». As co­me­mo­ra­ções po­pu­lares do 25 de Abril, acres­centou Paulo Rai­mundo, são o se­gundo desses mo­mentos. «Afirmar Abril, as suas con­quistas e o seu pro­jecto de fu­turo é afirmar uma firme con­de­nação de toda esta po­lí­tica de re­tro­cesso em curso».

A «par­ti­ci­pação mas­siva nas ac­ções e ma­ni­fes­ta­ções do 1.º de Maio» é a ter­ceira e de­ci­siva jor­nada de luta, sa­li­entou o di­ri­gente do PCP. «Temos que cons­truir um grande 1.º de Maio, temos de levar o es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação às em­presas e lo­cais de tra­balho», re­alçou Paulo Rai­mundo, acres­cen­tando que «é fun­da­mental manter todas as boas ro­tinas de tra­balho mas é ne­ces­sário também tomar todas as me­didas ex­cep­ci­o­nais – pe­rante uma si­tu­ação ex­cep­ci­onal – para a di­vul­gação, cons­trução e mo­bi­li­zação para o 1.º de Maio».

Após o dia 5 de Junho, inicia-se, logo no dia se­guinte, o quinto mo­mento de luta: no dia 6, afirmou, «cá es­ta­remos, cer­ta­mente em me­lhores con­di­ções para con­ti­nuar a animar, di­na­mizar e mo­bi­lizar para a luta».



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