Israel prepara mais ocupações
Face ao amplo reconhecimento internacional do Estado Palestiniano por parte de mais de uma centena de países, e a votação do mesmo assunto agendada para Setembro na Assembleia Geral das Nações Unidas, Israel ameaça tomar medidas unilaterais.
«Em Março os sionistas demoliram um número recorde de habitações»
O objectivo é impedir que mais um passo seja dado, ainda que formal, no reconhecimento do direito dos palestinianos à constituição de um Estado soberano, baseado nos territórios sob seu controle até 1967.
Segundo o diário israelita Haaretz, numa ofensiva diplomática empreendida nos últimos dias, o governo de Telavive já terá mesmo informado os 15 membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e diversos estados membros da UE da sua posição, sublinhando, cinicamente, que tal enterraria de vez o processo de paz israelo-palestiniano.
Entre as «medidas unilaterais», estão a anexação de mais territórios na Cisjordânia, a limitação ainda mais severa do acesso à água e aos portos israelitas por parte dos palestinianos, admitiu fonte israelita citada pela Canadian Press.
Apesar da ameaça de uma nova escalada, a verdade é que, na prática, a política de ocupação de cada vez mais áreas pertencentes aos palestinianos nunca cessou. Ainda esta semana o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, anunciou o desenvolvimento de quatro novos colonatos na Cisjordânia.
Acresce que, de acordo com a agência das Nações Unidas para os refugiados, durante do mês de Março as autoridades sionistas demoliram um número recorde de habitações na região, batendo a cifra de casas arrasadas no mês de Fevereiro, o qual, por sua vez, já havia registado um recorde de abates. Pelo menos 158 pessoas ficaram sem tecto, 40 por cento das quais crianças.
Simultaneamente, a Câmara Municipal de Jerusalém prepara-se para aprovar um novo plano de construção de 942 apartamentos na zona Leste da cidade, medida que representa mais uma machadada na pretensão dos palestinianos em sediarem naquela metrópole a capital do seu futuro Estado.
Apagar os crimes
Preocupantes são ainda as notícias que dão conta da intenção de Israel de anular o relatório Goldstone sobre a ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, em 2008 e 2009.
O texto, divulgado em Setembro de 2009, conclui que Israel cometeu crimes de guerra durante a operação Chumbo Fundido, e insta o Tribunal Penal Internacional a intervir caso Telavive se recuse a levar por diante um apuramento credível sobre os acontecimentos.
Mas numa reviravolta inesperada, é o próprio autor do documento quem, através de um artigo recentemente publicado na imprensa norte-americana, desmente as conclusões a que chegou em Setembro de 2009.
Por apurar está a razão pela qual o juiz sul-africano contradiz o que então defendeu, mas caso vingue a pretensão de Israel, para além de ficarem sem castigo, as atrocidades cometidas contra a população da Faixa de Gaza mergulham cada vez mais fundo na espessa manipulação que visa apagar os crimes sionistas.