Meio milhão em Londres

Protesto histórico

Cerca de 500 mil pes­soas des­fi­laram, no sá­bado, 24, du­rante mais de quatro horas no centro de Lon­dres contra a po­lí­tica eco­nó­mica e so­cial do go­verno con­ser­vador-li­beral, li­de­rado por David Ca­meron.

Bri­tâ­nicos des­filam contra po­lí­ticas de aus­te­ri­dade

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A jor­nada foi con­vo­cada pelo Trade Union Con­gress (TUC), cen­tral que reúne 58 dos prin­ci­pais sin­di­catos do país, e en­volveu 800 au­to­carros e de­zenas de com­boios fre­tados pela or­ga­ni­zação, meios que se re­ve­laram in­su­fi­ci­entes face à grande afluência nos di­versos pontos do país.

«Di­zemos hoje que não vamos deixar [o go­verno] des­truir o que levou ge­ra­ções a cons­truir», de­clarou Brendan Barber, se­cre­tário-geral do TUC, a abrir o co­mício em Hyde Park, que de­correu sem que boa parte dos ma­ni­fes­tantes tenha con­se­guido al­cançar o parque de Lon­dres.

Se­gundo a con­fe­de­ração de sin­di­catos tratou-se da maior ma­ni­fes­tação desde os pro­testos contra agressão ao Iraque, em 2003, que jun­taram mais de um mi­lhão nas ruas de Lon­dres. Para Dave Prentis, se­cre­tário-geral do Unison, sin­di­cato da função pú­blica, a «enorme» di­mensão do des­file é um sinal da «có­lera dos tra­ba­lha­dores».

 

Pro­grama re­ces­sivo

 

O pro­grama de aus­te­ri­dade apre­sen­tado a meio da se­mana pas­sada prevê cortes or­ça­men­tais à al­tura de 80 mil mi­lhões de li­bras (91 mi­lhões de euros) até 2015. Estas me­didas irão des­truir mi­lhares de postos de tra­balho, de­gradar os ser­viços pú­blicos e di­mi­nuir as pres­ta­ções so­ciais, ame­a­çando o con­junto da eco­nomia bri­tâ­nica.

Os sin­di­catos sus­tentam que a so­lução para sa­near as contas do Es­tado passa pelo com­bate à fuga fiscal e pelo re­forço da tri­bu­tação dos lu­cros dos bancos.

No co­mício em Hyde Park, o líder dos tra­ba­lhistas, Ed Mi­li­band, tomou a pa­lavra para apoiar as rei­vin­di­ca­ções dos ma­ni­fes­tantes e as­se­gurar que «existe uma outra via. Acre­di­tamos em ver­dades sim­ples: pre­ci­samos de em­pregos para re­duzir o dé­fice. (...) As ge­ra­ções vin­douras não podem ver as suas es­pe­ranças sa­cri­fi­cadas no altar da re­dução dog­má­tica do dé­fice».

A jor­nada de­correu em am­bi­ente fes­tivo e pa­cí­fico. Fa­mí­lias in­teiras, com cri­anças e idosos deram corpo a um co­lo­rido mar de gente que inundou as ar­té­rias da ca­pital bri­tâ­nica. Or­ques­tras, coros, grupos de dança e ou­tros ar­tistas ani­maram o des­file.

À margem da ma­ni­fes­tação um pe­queno grupo de en­ca­pu­zados ata­caram as forças po­li­ciais, pre­sentes em grande nú­mero, lan­çando bombas de tinta e pe­dras con­tras as mon­tras de es­ta­be­le­ci­mentos co­mer­ciais e bancos.



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