Romenos levantam-se contra leis laborais

Direitos arrasados

Os sin­di­catos ro­menos ad­mitem re­correr à greve geral para travar o des­man­te­la­mento da le­gis­lação la­boral e a eli­mi­nação dos di­reitos ele­men­tares dos tra­ba­lha­dores.

O di­reito à greve de­sa­pa­rece do novo có­digo

Image 6965

De­pois de no ano pas­sado ter apli­cado um dos planos aus­te­ri­dade mais drás­ticos no con­texto eu­ropeu, o go­verno ro­meno, obe­de­cendo às de­ter­mi­na­ções do Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal, pre­para-se para aprovar uni­la­te­ral­mente um novo có­digo la­boral que faz tábua rasa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores.

Na se­mana pas­sada os sin­di­catos con­vo­caram ma­ni­fes­ta­ções contra o pro­jecto le­gis­la­tivo e ame­açam com um greve geral para im­pedir a total des­re­gu­la­men­tação do mer­cado de tra­balho, qua­li­fi­cando a nova le­gis­lação como o có­digo da es­cra­va­tura.

Como re­fere o jornal L’Hu­ma­nité (16.02), a re­forma de­fen­dida pelo go­verno de Emil Boc ba­seia-se ale­ga­da­mente no mo­delo es­can­di­navo da «fle­xi­gu­rança», pre­co­ni­zando o alon­ga­mento dos pe­ríodos de ex­pe­ri­ência, o pre­do­mínio dos con­tratos a termo e a anu­lação das con­ven­ções co­lec­tivas. A isto soma-se a su­pressão na prá­tica do di­reito à greve.

De­ci­dido a levar por di­ante os seus in­tentos, o pri­meiro-mi­nistro as­sumiu a res­pon­sa­bi­li­dade di­recta pelo pro­jecto, con­si­de­rando que a ac­tual re­gu­la­men­tação, clas­si­fi­cada pela Or­ga­ni­zação In­ter­na­ci­onal do Tra­balho com uma das me­lhores do Centro da Eu­ropa, «está ul­tra­pas­sada e trava o em­prego em vez de o es­ti­mular».

Entre ou­tras es­ti­mu­lantes «ino­va­ções», o novo có­digo per­mite o des­pe­di­mento de tra­ba­lha­dores com con­trato sus­penso (seja por mo­tivos de do­ença, baixa de ma­ter­ni­dade, re­qui­sição para tra­balho sin­dical ou ins­ti­tu­ci­onal, por prisão pre­ven­tiva), assim como aqueles que par­ti­cipem em greves.

De­sa­pa­recem as ga­ran­tias dos re­pre­sen­tantes sin­di­cais, que passam a poder ser des­pe­didos ime­di­a­ta­mente após ces­sarem fun­ções sin­di­cais. Até ao pre­sente existia um pe­ríodo de blin­dagem de dois anos para pre­venir even­tuais re­pre­sá­lias do em­pre­gador.

Por outro lado, o pa­tro­nato fica com mãos li­vres para firmar con­tratos in­di­vi­duais de tra­balho que não res­peitem os con­vé­nios co­lec­tivos de sector ou em­presa. Para além da eter­ni­zação dos con­tratos a prazo, pra­ti­ca­mente sem li­mites, a nova lei subs­titui as oito horas de tra­balho por uma jor­nada de 10 a 12 horas, de­vendo a di­fe­rença ser com­pen­sada com horas li­vres nos 60 dias se­guintes.

As em­presas podem ainda des­pedir li­vre­mente por in­cum­pri­mento das atri­bui­ções ou de ob­jec­tivos fi­xados uni­la­te­ral­mente pelo em­pre­gador, bem como trans­ferir os tra­ba­lha­dores de local de tra­balho. Em qual­quer mo­mento podem igual­mente re­duzir a ac­ti­vi­dade normal e com ela os sa­lá­rios. Por úl­timo, os con­tratos de tra­balho po­derão ser al­te­rados por von­tade ex­clu­siva do em­pre­gador.



Mais artigos de: Europa

Cruzada reaccionária

O go­verno checo, do­mi­nado pelo Par­tido Cí­vico De­mo­crá­tico (ODS), lançou uma cam­panha com o ob­jec­tivo de­cla­rado de ile­ga­lizar do Par­tido Co­mu­nista da Boémia-Mo­rávia (KSCM).

Protestos eclodem no Norte

Mais de 20 mil pessoas manifestam-se, dia 2, no Norte de Nicósia, contra as medidas de austeridade impostas pela Turquia, potência que mantém a parte Norte do Chipre sob ocupação desde 1974. Já em 28 de Janeiro a população do Norte se tinha manifestado contra as...

Comissário demarca-se de posição sobre Líbia

O comissário europeu maltês, John Dalli, demarcou-se da posição oficial da União Europeia sobre a Líbia, recusando-se a exigir a demissão de Muammar Khadafi. Numa intervenção pública, dia 4, em Malta, Dalli considerou não ter o direito de se...

Franceses desejam revoltar-se

Mais de metade dos franceses desejaria uma revolta popular no seu país, revelou um inquérito encomendado pelo L'Humanité Dimanche, que dá conta de um agravamento das desigualdades sociais num dos países mais ricos da Europa. Em simultâneo, a sondagem, realizada entre 10 e 13 de...

A política agrícola que faz falta

«Agricultura familiar e mundo rural – Soberania alimentar para Portugal»: mais uma iniciativa organizada no âmbito da campanha Portugal a produzir, que contou com a participação de mais de duas centenas de pessoas, agricultores e gente ligada ao meio...