Ilusões desfeitas no Brasil

Dilma impõe plano de austeridade

O governo brasileiro liderado pela presidente recém eleita, Dilma Rousseff, anunciou, dia 9, um drástico programa de cortes orçamentais à altura de 30 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros), alegadamente para travar a subida da inflação, mediante a redução da despesa pública, e assim «assegurar o crescimento durável» da economia brasileira.

Os cortes, que correspondem a 1,2 por cento do PIB, afectarão todos os ministérios e são mais um motivo de contestação para os sindicatos, cuja maioria apoiou a eleição de Dilma.

Na verdade, as relações com os sindicatos agravaram-se nas últimas semanas em torno da proposta de actualização do salário mínimo. O governo encerrou unilateralmente as negociações impondo um aumento de apenas 35 reais (15.50 euros). Assim, o salário mínimo passará dos actuais 510 reais para 545 (cerca de 241 euros).

Os sindicatos exigem 580 reais e lembram à presidente que durante a campanha eleitoral prometeu um aumento real da remuneração mínima. Ora, o valor proposto mal cobre a inflação oficial que atingiu os 5,9 por cento em 2010, ano em que o Produto Interno Bruto cresceu 7,5 por cento.

Passado pouco mais de mês e meio de ter entrado em funções, o governo de Dilma tem já contra si os principais sindicatos do país, que ameaçam com um surto de greves e manifestações caso a presidente não dê o braço a torcer.

Por outro lado, o distanciamento do Irão e a aproximação aos EUA, o anúncio de privatizações e de uma reforma da Segurança Social, para além dos cortes orçamentais que se reflectirão sobre os salários dos funcionários e serviços públicos, são outros sinais claros de que o governo de Dilma, já sem as preocupações de cosmética do seu antecessor, pretende favorecer abertamente o capital monopolista à custa dos interesses e direitos dos trabalhadores e de amplas camadas da população.



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