Cronologia dos acontecimentos no Egipto

Ja­neiro:

Dia 25 – Início das ma­ni­fes­ta­ções com mi­lhares de pes­soas, após vá­rias imo­la­ções em países da re­gião e da queda do re­gime do pre­si­dente tu­ni­sino Zine El Abi­dine Ben Ali.

Dia 26 – Mi­lhares de pes­soas pro­testam na rua, apesar da proi­bição por parte das au­to­ri­dades e atiram pe­dras contra a po­lícia an­ti­motim.

Dia 27 – A po­lícia detém cerca de mil pes­soas e há con­frontos em vá­rios pontos do país.

Dia 28 – Ma­ni­fes­ta­ções po­pu­lares de­ge­neram em en­fren­ta­mentos com a po­lícia; pelo menos 62 pes­soas são mortas. Mu­barak pede ao Exér­cito para ga­rantir a se­gu­rança no país, impõe o re­co­lher obri­ga­tório e pro­mete re­formas.

Dia 29 – Mu­barak anuncia a no­me­ação de um novo pri­meiro-mi­nistro, o ge­neral Ahmad Chafic, e a de­sig­nação de um vice-pre­si­dente, o ge­neral Omar Su­leiman (an­tigo chefe dos ser­viços se­cretos egíp­cios). Pelo menos 33 pes­soas são mortas nos con­frontos com a po­lícia. Ocorrem mo­tins em pri­sões. O re­co­lher obri­ga­tório im­posto pelo Go­verno não é res­pei­tado.

Dia 30 – Mi­lhares de pes­soas con­ti­nuam a pro­testar na Praça Tahrir, no centro do Cairo. O Exér­cito marca pre­senças nas ruas e vá­rios aviões de caça so­bre­voam a ca­pital egípcia a baixa al­ti­tude.

Dia 31 – Mu­barak cons­titui um novo go­verno. O mi­nistro do In­te­rior Habib el-Adli é subs­ti­tuído por Mah­moud Wagdi. Os mi­li­tares com­pro­metem-se a não usar a força contra os ma­ni­fes­tantes, con­si­de­rando que as rei­vin­di­ca­ções do povo são «le­gí­timas».

 

Fe­ve­reiro:

Dia 1 – Tem lugar uma gi­gan­tesca ma­ni­fes­tação com mais de um mi­lhão de pes­soas na Praça Tahrir para exigir a de­missão ime­diata de Hosni Mu­barak. Este anuncia que per­ma­ne­cerá no poder, mas que não irá can­di­datar-se às elei­ções pre­si­den­ciais de Se­tembro. Mu­barak su­blinha que quer morrer no Egito.

Dia 2 – Vi­o­lentos con­frontos entre opo­si­tores e «apoi­antes» de Hosni Mu­barak na Praça Tahrir.

Dia 3 – A co­li­gação das forças de opo­sição egíp­cias não aceita ne­go­ciar com o Go­verno até que Mu­barak se de­mita.

Dia 4 – O se­cre­tário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, ad­mite can­di­datar-se à su­cessão do pre­si­dente egípcio, Hosni Mu­barak, de­fen­dendo que este deve manter-se no poder «até fim de Agosto».

Dia 5 – De­mite-se a co­missão exe­cu­tiva do Par­tido Na­ci­onal De­mo­crá­tico (NDP) de Mu­barak.

Dia 6 – O re­gime pro­mete cons­ti­tuir um co­mité para pre­parar as mu­danças cons­ti­tu­ci­o­nais até à pri­meira se­mana de Março.

Dia 7 – Mu­barak anuncia um au­mento de 15 por cento dos sa­lá­rios dos fun­ci­o­ná­rios pú­blicos e das pen­sões dos re­for­mados.

Dia 8 – O vice-pre­si­dente, Omar Su­leiman, avisa que «não é pos­sível to­lerar» a con­ti­nu­ação dos pro­testos na Praça Tahrir por muito mais tempo.

Dia 9 – Novos con­frontos entre a po­lícia e ma­ni­fes­tantes na re­gião Sul do país fazem três mortos e perto de 100 fe­ridos.

Dia 10 – O co­man­dante mi­litar da re­gião do Cairo, ge­neral Hassan al-Rou­eini, des­loca-se à praça Tahrir para anun­ciar aos mi­lhares de ma­ni­fes­tantes que as suas exi­gên­cias «serão cum­pridas hoje». Con­tudo, à noite Hosni Mu­barak anuncia que não se de­mite.

Dia 11 – Mi­lhões de ma­ni­fes­tantes in­vadem as ruas do Cairo exi­gindo a saída ime­diata de Mu­barak, que nesse dia aban­dona o Cairo de he­li­cóp­tero trans­mi­tindo o poder ao Con­selho Su­pe­rior das Forças Ar­madas.

Dia 13 – O Con­selho Su­pe­rior das Forças Ar­madas com­pro­mete-se a as­se­gurar uma «tran­sição pa­cí­fica» para «um go­verno civil eleito» com vista «à cons­trução de um Es­tado de­mo­crá­tico livre», e de­clara que res­pei­tará todos os acordos in­ter­na­ci­o­nais as­si­nados.

Dia 13 – O con­selho mi­litar anuncia a dis­so­lução do Par­la­mento e a sus­pensão da Cons­ti­tuição, pro­me­tendo re­a­lizar elei­ções pre­si­den­ciais e le­gis­la­tivas, criar uma co­missão para al­terar a Cons­ti­tuição e or­ga­nizar um re­fe­rendo sobre as fu­turas emendas. Mi­lhares de pes­soas acorrem à Praça Tahrir, onde o exér­cito tenta dis­perar os ma­ni­fes­tantes. Ouve-se as pa­la­vras de ordem: «O exér­cito e o povo estão unidos», «Re­vo­lução, re­vo­lução até à vi­tória».



Mais artigos de: Internacional

A primeira vitória do levantamento popular

Ao fim de 18 dias de in­ces­santes pro­testos, no Cairo e em todos os prin­ci­pais cen­tros ur­banos do Egipto, o pre­si­dente Hosni Mu­barak re­nun­ciou ao cargo trans­fe­rindo o poder para o Con­selho Su­pe­rior das Forças Ar­madas.

Fevereiro bolivariano

O povo ve­ne­zu­e­lano co­me­mora, du­rante o cor­rente mês, três acon­te­ci­mentos fun­da­men­tais para com­pre­ender o pro­cesso de­mo­crá­tico, so­be­rano, pro­gres­sista e anti-im­pe­ri­a­lista em curso no país.

Zuma anuncia plano de emprego

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, anunciou, dia 10, a criação de um fundo de nove mil milhões de rands (cerca de 910 milhões de euros) para financiar a criação de empregos nos próximos três anos. Num discurso ao país, Zuma comprometeu-se a...

Dilma impõe plano de austeridade

O governo brasileiro liderado pela presidente recém eleita, Dilma Rousseff, anunciou, dia 9, um drástico programa de cortes orçamentais à altura de 30 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros), alegadamente para travar a subida da inflação, mediante a...

China é a segunda economia mundial

Com um crescimento nos últimos anos próximo ou superior a dez por cento, o Produto Interno Bruto (PIB) da China ultrapassou pela primeira vez, em 2010, o do Japão, afirmando o país como a segunda economia mundial. No ano passado,o PIB chinês cresceu 10,3 por cento, elevando-se a 5 878,6...

Um direito raro

Oitenta por cento da população mundial não está abrangida por mecanismos de protecção social, como pensões, alertou, na segunda-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo revelou, em conferência de imprensa, o director do...