Alemanha promove precariedade

Emprego indigno

O au­mento dos ní­veis de em­prego na Ale­manha está a ser acom­pa­nhado do alas­tra­mento do tra­balho a tempo par­cial e dos baixos sa­lá­rios que con­denam os tra­ba­lha­dores à po­breza.

Po­breza ameaça nú­mero cres­cente de ale­mães

Image 6497

As au­to­ri­dades ger­mâ­nicas con­gra­tu­laram-se na pas­sada se­mana com o al­cance de um re­corde his­tó­rico no nível de em­prego no país. De acordo com o or­ga­nismo ofi­cial de es­ta­tís­ticas, o mer­cado la­boral ocupou em média 40,37 mi­lhões de pes­soas em 2010, ou seja mais 197 mil (0,5%) do que no ano an­te­rior e o maior nú­mero ja­mais re­gis­tado.

Este re­sul­tado é tanto mais sur­pre­en­dente quanto em 2009 a eco­nomia alemã atra­vessou uma pro­funda re­cessão, con­traindo-se quase cinco por cento do Pro­duto In­terno Bruto. Porém, as me­didas go­ver­na­men­tais que sub­ven­ci­o­naram as em­presas para man­terem os postos de tra­balho a tempo par­cial per­mi­tiram evitar um drás­tico agra­va­mento do de­sem­prego.

Com a re­a­ni­mação da eco­nomia no ano pas­sado, que terá cres­cido 3,7 por cento se­gundo as pre­vi­sões, a taxa de de­sem­prego re­duziu-se de 7,4 por cento em 2009 para 6,8 por cento em 2010, um de­sem­penho de fazer in­veja a países como Por­tugal, Es­panha, Ir­landa, Grécia e tantos ou­tros que con­tri­buíram para elevar o total de de­sem­pre­gados para 23 mi­lhões na União de Eu­ro­peia.

Con­tudo, por trás da apa­rência das es­ta­tís­ticas es­conde-se a re­a­li­dade menos apra­zível da pre­ca­ri­e­dade e dos baixos sa­lá­rios que co­nhe­ceram uma ex­pansão pre­o­cu­pante neste pe­ríodo na Ale­manha. Assim, no país mais rico da UE há perto de cinco mi­lhões de tra­ba­lha­dores que ga­nham 400 euros men­sais (El País, 04.01) e 11,5 mi­lhões que vivem abaixo do li­miar da po­breza, ou seja, têm ren­di­mentos abaixo de 965 euros (Avante!, 25.02.10).

Desta forma, a crise man­teve-se no con­traído mer­cado in­terno, e a re­cu­pe­ração da eco­nomia alemã está cada vez mais de­pen­dente das ex­por­ta­ções. Por isso as es­ti­ma­tivas para este ano são mais mo­destas: o PIB alemão po­derá crescer à volta de dois por cento, isto se tudo correr bem nos países mais di­nâ­micos, no­me­a­da­mente na China.



Mais artigos de: Europa

Compromisso firme com solução negociada

A or­ga­ni­zação ar­mada in­de­pen­den­tista basca ETA di­vulgou, na se­gunda-feira, 10, uma de­cla­ração em que anuncia um «cessar-fogo per­ma­nente e de ca­rácter geral, que pode ser ve­ri­fi­cado pela co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal».

China compra dívida europeia

Na sua digressão à Europa, o vice-primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, anunciou, na passada semana, a disposição do seu país de adquirir cerca de seis mil milhões de euros da dívida pública espanhola e um montante equivalente da dívida de Portugal e...

Bancos sugam britânicos

O governo do Reino Unido já injectou cerca de 124 mil milhões de libras (147,6 mil milhões de euros) nos bancos ingleses desde o início da crise financeira em 2008. Mas apesar deste valor astronómico já gasto, um relatório do National Audit Office, citado pela...

Holanda renova missão afegã

O novo governo minoritário holandês, formado por liberais e democratas-cristãos, decidiu enviar um novo destacamento militar para o Afeganistão, segundo anunciou, no dia 7, o primeiro-ministro Mark Rutte. O governante fez questão de salientar que a nova missão é...

Aquele que faz a diferença

Assinalou-se no dia 1 de Janeiro os 25 anos da entrada de Portugal na então CEE, actual União Europeia. O facto de estarmos em campanha eleitoral para as presidenciais acrescenta razões para se fazer um balanço sobre o que significou e o que significa para os...