Tempo de agir e de intervir!
Na sessão pública realizada na sexta-feira em Almada, e perante centenas de pessoas, Francisco Lopes apelou à «máxima mobilização e intervenção social e política».
Todos os outros candidatos defenderam a aprovação do Orçamento
Foi ainda com a grandiosa Greve Geral muito presente na memória colectiva que centenas de pessoas encheram, sexta-feira, o auditório do Centro Cultural e Juvenil de Santo Amaro, no Laranjeiro, para participar numa sessão pública com o candidato presidencial Francisco Lopes. Na sua esmagadora maioria, os presentes (sendo ou não comunistas) tinham dado dois dias antes um um inestimável contributo para o enorme êxito dessa jornada que, como afirmou o candidato, «entrará para a história da luta dos trabalhadores portugueses».
Para Francisco Lopes, a Greve Geral mostrou quem é que produz a riqueza no País, para além de ter representado, para muitos que a ela aderiram, uma tomada de consciência da sua força colectiva. Uma força com que o candidato conta para empreender a ruptura e a mudança de que o País precisa e sem as quais nenhuma alteração de fundo poderá ser realizada. Francisco Lopes manifestou o seu orgulho por a sua candidatura ter apoiado a greve desde o momento da sua convocação e de lhe ter prestado toda a solidariedade.
Após considerar que não se está perante um «momento qualquer» da história nacional, Francisco Lopes desafiou: o tempo é de «agir e intervir», de exercer direitos (como os de opinião, propaganda, manifestação ou greve) para fazer face à mais brutal ofensiva de que há memória nas últimas décadas contra as condições de vida dos trabalhadores e do povo. A situação é tão séria que o candidato lembrou que ao nível dos salários e dos direitos as novas gerações viverão pior do que as que a antecederam. Tamanho retrocesso não se verificava há pelo menos século e meio, denunciou.
Esta evolução não é exclusiva de Portugal, lembrou o candidato. «Por essa Europa fora está-se a verificar um retrocesso social imenso, ligado à lógica da exploração capitalista mas indissociável do processo de integração europeia», afirmou Francisco Lopes, considerando não ser por acaso que «um a seguir ao outro países são delapidados e povos são expropriados nos seus direitos e condições de vida.»
Clarificações
O Orçamento do Estado para 2011, aprovado nesse dia na especialidade, esteve no centro das críticas de Francisco Lopes na sessão pública de Almada: «aqueles que ganham sempre, que acumulam lucros sobre lucros e privilégios sobre privilégios são uma vez mais não só intocáveis como beneficiados.»
O candidato lembrou que o PCP propôs, entre outras medidas, a taxação das operações bolsistas em 0,2 por cento e da transferência de dinheiro para os «paraísos fiscais» em 20 por cento, para além da cobrança de uma taxa efectiva de 25 por cento à banca e aos grandes grupos económicos. Se tivessem sido aprovadas, representariam uma receita de 2 500 milhões de euros, contabilizou o candidato. A aprovação do Orçamento do Estado não travou a especulação, lembrou Francisco Lopes, para quem esta se combate não com cedências, mas com a «afirmação da soberania e a defesa dos interesses nacionais».
O candidato comunista chamou a atenção para a clarificação que representou toda a «novela do Orçamento». Se Cavaco Silva se assumiu como o «padrinho» do entendimento de PS e PSD em torno destas opções concretas, Manuel Alegre, Fernando Nobre e Defensor Moura também defenderam, cada um à sua maneira, a sua aprovação. «Podem dizer o que quiserem, mas estão todos no mesmo rumo de declínio.»
O candidato comunista guardou ainda uma palavra para acusar o actual Presidente da República de ser o porta-voz dos especuladores, ao fazer suas as recomendações dos «mercados» de, uma vez aprovado o Orçamento, ir mais longe no ataque às leis laborais, à escola pública, ao Serviço Nacional de Saúde.
Razões de sobra
Na noite de sexta-feira não foi só Francisco Lopes a dar razões para o voto na sua candidatura. Fizeram-no também os mandatários, regional e concelhio, Joaquim Judas e Américo Nunes; a presidente da Câmara Municipal de Almada Maria Emília de Sousa; o director da Companhia de Teatro de Almada Joaquim Benite; e João Jorge, trabalhador do município.
Este, começando por saudar os três milhões de trabalhadores envolvidos na Greve Geral, destacou as adesões verificadas em várias empresas, guardando uma «saudação especial» para os trabalhadores do Metro Sul do Tejo, muitos dos quais participaram numa greve pela primeira vez enfrentando ameaças e chantagens. João Jorge concluiu com a afirmação de que esta é a «candidatura dos trabalhadores».
Já Joaquim Benite rejeitou a ideia de que o Presidente seja um «ornamento do Estado, um corta-fitas». Pelo contrário, tem o «poder maior, que está acima de todos» - é o guardião da Constituição. Sendo Francisco Lopes o único candidato que «nunca pactuou com as sucessivas políticas de esmagamento, de paralisia, de asfixia democrática», o encenador considerou-o também como o comunista em quem, «para salvar o País, todos os democratas devem votar».
Maria Emília de Sousa preferiu destacar que as políticas com que a candidatura de Francisco Lopes pretende romper criam também dificuldades ao trabalho das autarquias locais e, consequentemente, à sua intervenção em defesa da qualidade de vida das populações e do desenvolvimento. «Enquanto mulher, mãe e autarca declaro-me comprometida com a candidatura de Francisco Lopes», concluiu.
O mandatário regional (que Francisco Lopes considerou o «candidato pelo distrito à Presidência da República») lembrou que a campanha está na rua – «a campanha a que todos nos temos que entregar pelo futuro de Portugal».