Solidariedade com Cuba para romper o bloqueio
Dinamizada por mais de três dezenas de organizações das mais variadas áreas de intervenção, está em curso uma campanha de solidariedade com Cuba, centrada na recolha de fundos e de material médico e lúdico. «Fim ao bloqueio», exigem os promotores.
Sem bloqueio o PIB de Cuba poderia ter crescido 8% em 2023
O fim do criminoso e ilegal bloqueio económico, comercial e financeiro imposto há décadas pelos EUA contra Cuba, e agravado nos últimos anos, é uma exigência da quase totalidade dos países do mundo, reafirmada ano após ano na Assembleia Geral das Nações Unidas. «Quase totalidade» porque os EUA e Israel continuam a defendê-lo, contra o resto do mundo – e aqui, contra é mesmo contra, pois o bloqueio afecta Cuba mas também qualquer outro Estado, empresa ou organização que com ela faça negócios ou transacções. É extraterritorial e, como tal, ilegal.
E é criminoso, ao impor ao povo cubano carências de todo o tipo, nomeadamente de alimentos, medicamentos, combustíveis, matérias-primas e equipamentos – que Cuba está impedida de importar ou, na melhor das hipóteses, tem de pagar por tudo isto valores muito superiores aos praticados nos mercados internacionais. Também a deterioração dos serviços públicos e de infra-estruturas básicas resulta do bloqueio e das limitações que impõe. A inserção de Cuba na arbitrária lista dos EUA de «países patrocinadores do terrorismo» procura impedir a realização de transacções financeiras de modo a asfixiar ainda mais o país.
Solidariedade política e material
Os promotores da campanha reconhecem ao povo cubano, como a todos os povos do mundo, «o direito de decidir soberanamente o seu caminho de desenvolvimento e de progresso social, livre de agressões e de ingerências externas». E realçam que Cuba continua a ser um exemplo de solidariedade, enviando médicos para todo o mundo e avançando na ciência para o bem de toda a Humanidade. «Cuba, que tão solidária é com o mundo, é também merecedora da nossa solidariedade», concluem.
Para lá da solidariedade política, reforçando a denúncia do bloqueio e a exigência do seu fim, a campanha tem uma componente financeira e material. No primeiro caso, as contribuições devem ser feitas através do IBAN PT50 0033 0000 0058 0164 1169 7. Pedidos de informações sobre a contribuição material podem ser obtidos contactando [email protected] e +351 962 022 208/ 7. Diversas instituições e estabelecimentos comerciais são já pontos de recolha de contribuições. Brinquedos, material escolar, medicamentos, material hospitalar e equipamentos geriátricos são os materiais mais necessários, o que em si mesmo constitui uma denúncia do carácter desumano do bloqueio norte-americano.
Há também materiais – pins, sacos, cadernos e canecas – para venda, com o objectivo de obter fundos para a campanha.
Apesar do cerco...
Apesar do bloqueio, e de todos os constrangimentos que ele coloca ao desenvolvimento do país caribenho, Cuba tem dos melhores sistemas de saúde e educação do mundo.
A educação gratuita abrange o ensino superior e taxa de alfabetização é de 99,8%. O sistema de saúde é centrado na promoção da saúde e nos cuidados primários e a proporção de médico por habitante é a mais alta do mundo: 6,7 por mil pessoas. Nas ciências biomédicas, desenvolve tratamentos inovadores, nomeadamente vacinas eficazes para a cólera, malária, meningite B, hepatite B ou COVID19 que, por causa do bloqueio, não chegam ao resto do mundo. O acesso ao desporto e à cultura são generalizados e é particularmente elevado o nível de participação das mulheres nas mais diversas áreas.
Imagine-se do que mais Cuba seria capaz sem o bloqueio…
Prejuízos astronómicos
Um milhão, 499 mil, 710 milhões de dólares: este número astronómico, de difícil apreensão, é o valor do prejuízo causado a Cuba pelo bloqueio norte-americano. Talvez se dividirmos esta soma em parcelas mais pequenas, ligando-as a coisas um pouco mais concretas, se perceba melhor a dimensão do crime cometido pelo imperialismo norte-americano contra o povo cubano (cujas consequências só não são mais graves devido ao sistema económico e social de Cuba, que coloca as pessoas, o seu bem-estar e desenvolvimento integral no centro das preocupações).
Há dias, a presidente da AAPC, Sandra Pereira, numa conferência promovida pelo CPPC, de que o Avante! deu nota na edição passada, apresentou as contas. Trata-se de um exercício útil, pelo que voltamos a ele, de forma mais desenvolvida:
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15 minutos de bloqueio é equivalente ao financiamento necessário para cobrir a procura de aparelhos auditivos para crianças e adolescentes com deficiência que estudam no sistema de ensino especial;
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30 minutos de bloqueio equivale ao custo das cadeiras de rodas eléctricas e convencionais necessárias para satisfazer as necessidades do sistema de ensino especial;
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8 horas de bloqueio corresponde ao custo dos brinquedos e auxiliares de ensino necessários em todas as creches;
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21 horas de bloqueio equivale ao custo de compra da insulina necessária para cobrir as necessidades durante um ano;
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38 horas de bloqueio representa o custo de produção ou aquisição da logística necessária para cobrir as necessidades do sistema educativo nacional durante um ano;
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44 horas de bloqueio é o correspondente ao financiamento necessário para fornecer computadores pessoais a todos os centros educativos;
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3 dias de bloqueio representa o custo anual de manutenção do transporte público
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9 dias de bloqueioequivale ao valor de importação dos descartáveis médicos e reagentes necessários ao funcionamento do sistema de saúde;
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18 dias de bloqueiocorresponde ao custo anual de manutenção do sistema eléctrico nacional;
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25 dias de bloqueiorepresenta o necessário para cumprir os requisitos da Lista Nacional de Medicamentos Essenciais durante um ano;
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4 meses de bloqueio equivale à despesa com a garantia do cabaz alimentar familiar racionado à população durante um ano;
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9 meses de bloqueio é o equivalente ao financiamento estimado necessário para construir novas casas no país.
Se o bloqueio não existisse, estima-se que o PIB de Cuba, a preços correntes, poderia ter aumentado cerca de 8 % em 2023.