O pior pode estar para vir
Dia 30, todos à rua, para salvar a Palestina!
É impossível sequer imaginar o sofrimento e o terror que assalta o povo palestiniano por estes dias; o povo que ao longo de décadas aceitou trocar terra por paz e fez concessões dolorosas de território, soberania, económicas e de segurança, apenas com um intento: poder edificar o seu Estado, no solo da sua pátria, ou pelo menos em parte desse solo.
Mas apesar de tudo isso, nunca lhe foi permitido viver em Paz. São muitas as gerações de palestinianos que, ou foram expulsos da sua terra, ou cresceram em guerra, em violência, com soldados israelitas a travar o seu caminho, a maltratar as suas famílias e amigos, a destruir as suas casas, a deixar morrer mães grávidas em checkpoints, a irromper por salas de aula de arma automática em riste, a matar crianças que brincavam nas praias de Gaza, a roubar água, a arrancar oliveiras da terra palestina, a raptar e a fazer prisioneiros dezenas de milhar de cidadãos, muitos deles crianças.
Apesar de todas as concessões, acordo após acordo, guerra após guerra, a Palestina nunca viu os seus direitos respeitados, perdeu ao longo destas décadas a esmagadora maioria do seu território. Ficou reduzida à Faixa de Gaza e a uma Cisjordânia esquartejada por um sinistro processo de ocupação de que os colonatos israelitas são parte fundamental.
Foi aqui que chegámos. E quando pensávamos que era impossível haver maior terror do que o que já foi vivido nestas décadas, designadamente depois de Outubro de 2023, ficámos a saber que o pior ainda pode estar para vir. Israel, mais uma vez na História, rasgou a sua própria palavra e dinamitou o acordo de cessar-fogo, cuja segunda-fase previa a libertação dos restantes “reféns” e a retirada de Israel de Gaza e que a resistência palestiniana cumpriu na sua 1.ª fase.
Israel age como um Estado fora da lei e não conhece limites para os seus crimes. Ao cerco para matar de fome, de sede e de doenças a população de Gaza, somou o mais violento período de bombardeamentos de que há memória na História recente da Palestina. Mais de 1200 mortos em poucos dias, milhares de feridos. No total são quase 60 mil as vítimas mortais do genocídio israelita. A esmagadora maioria são mulheres e crianças. Ataca-se a ONU e a Cruz Vermelha, matam-se jornalistas, médicos e profissionais de saúde, violam-se mulheres palestinianas, assassinam-se dirigentes políticos, reocupa-se a Faixa de Gaza. Instala-se agora em Telavive a “Direcção de Migrações para a saída voluntária da população de Gaza para países terceiros”, a cínica e criminosa designação do Gabinete para a expulsão do povo palestiniano. Na Cisjordânia autorizam-se a construção de milhares de “unidades de habitação” num movimento de expansão de colonatos quase sem precedentes que parece estar a preceder a anexação do que resta da Margem Ocidental
Quando pensávamos que pior era impossível, aí está em desenvolvimento a limpeza étnica e a anexação da Palestina, a mando e com o apoio de Washington. Mas, se Trump e Netanyahu são verdadeiros criminosos, não menos criminosa é a incrivelmente cínica e hipócrita «preocupação» da União Europeia, cujo Conselho Europeu, na louca corrida armamentista e belicista na Europa, quase se esquece da Palestina nos seus documentos oficiais e continua «calmamente» a fazer «apelos» à solução «dois Estados», exactamente quando podemos estar nas vésperas de uma das maiores catástrofes da História recente da Humanidade. Contra a hipocrisia que mata, lutemos! Dia 30 todos à rua, para salvar a Palestina!