CDU reforça a sua votação e fica à beira de eleger na Madeira
Nas eleições regionais da Madeira, realizadas no domingo, a CDU ficou a escassos 65 votos de recuperar a sua representação parlamentar, reforçando a sua expressão eleitoral em número de votos. O compromisso de luta e intervenção é para continuar.
CDU cresceu em votos e percentagem e ficou a 65 votos de eleger
Reagindo aos resultados eleitorais, na noite de domingo, 23, o Secretário-Geral do PCP falou num resultado negativo para os trabalhadores e a população da Região Autónoma da Madeira. Desde logo pela não eleição de um deputado da CDU, que constituía um «elemento necessário e insubstituível para, na Assembleia Legislativa Regional, fazer ouvir os problemas e aspirações populares e agir para lhes dar resposta». Ao mesmo tempo, acrescentou Paulo Raimundo, a maioria obtida pelo PSD «confirma as condições para prosseguir a sua agenda de retrocesso e exploração, numa situação em que nenhuma outra força política assume uma política alternativa à do PSD».
A CDU, salientou, aumentou o número de votos e subiu a percentagem, mas «ficou aquém do que era necessário e da importância do seu papel na vida regional». O que, acrescentou o dirigente comunista, «não é separável do ostensivo silenciamento e menorização de que foi alvo, dos efeitos da promoção de ilusões quanto a falsas alternativas a partir de forças que, tendo no essencial opções idênticas às do PSD, se insinuaram numa fabricada identificação popular e regional ou se proclamavam como “alternativa”, a par de uma dispersão em opções de voto sem sentido».
Para Paulo Raimundo, a vitória do PSD, foi alcançada a partir de um «controlo do poder nas mais diversas áreas da vida regional, com chantagens e promessas de circunstância». E, independentemente de «arranjos para a governação», significa a continuação de uma política «contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo e um empurrão para o prosseguimento e acentuação do favorecimento dos interesses dos grupos económicos e da promiscuidade entre funções políticas, interesses pessoais e negociatas».
«Offshore político legitimado»
Antes, a partir do Funchal, o coordenador do PCP/Madeira e primeiro candidato da CDU, Edgar Silva, tinha já afirmado que muito embora a Coligação PCP-PEV não tenha atingido o seu objectivo principal, que era regressar à Assembleia Legislativa, foi a força que mais cresceu à esquerda: «Ficámos a 65 votos [da eleição do deputado], embora a CDU tenha subido. Subiu mais de 300 votos, subiu em votos e em percentagem comparativamente com as outras eleições». À esquerda, salientou, foi mesmo o único partido a subir.
O dirigente comunista chamou a atenção para a «suspeição muito grande» que marca o poder político na região e denunciou a «promiscuidade total entre os negócios privados e a governação, esta situação de bandalheira que aqui se vive, esta situação de “offshore” e de excepção, esse enclave da promiscuidade neste “offshore” político que sai aqui legitimado».
Com o PSD a apenas um deputado da maioria absoluta, o resultado das eleições cria «situações extremamente adversas para a democracia, para a credibilidade das instituições», e, também, um «quadro difícil para as oposições, um quadro adverso», acrescentou.
Edgar Silva assegurou que a CDU mantém o seu compromisso de «continuar a lutar pela democracia, pela liberdade, pela defesa da autonomia, a defesa daqueles que são mais injustiçados», da mesma forma que Paulo Raimundo garantiria a continuidade da «sua intervenção de sempre, em todas as situações e em todos os sítios, na defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e do desenvolvimento da região».