Confiança, determinação, compromisso

Jorge Cordeiro (Membro do Secretariado e da Comissão Política)

A CDU é uma força fiável, coerente e corajosa

Inscritas no horizonte aí estão batalhas eleitorais a que é necessário responder com confiança, encará-las como momentos de esclarecimento sobre o que de essencial nelas se decide, incorporá-las na afirmação do PCP e da CDU com o que isso determina, quer para a construção do resultado, quer para a luta que prossegue para lá desse actos. Já neste domingo, na Madeira, em que a reconquista da representação parlamentar do PCP será a mais significativa novidade que delas pode resultar e, sobretudo, a garantia de ser reposta na Assembleia Legislativa a força e a voz dos direitos e aspirações dos trabalhadores e do povo da região.

E aí estão, a curto prazo, somando às eleições para as autarquias locais de Setembro, as legislativas antecipadas decorrentes da acção de um governo derrotado quer pela sua política de recusa em dar resposta aos problemas do País, quer pela descredibilização da vida política resultante da mistura entre interesses particulares e cargos públicos. Duas batalhas, estas, com exigências especificas, ritmos e processos de preparação distintos, objectivos diferenciados, dinâmicas próprias, referências de avaliação e posicionamento dos eleitores ditadas pela natureza do que em cada uma delas se decide. Ainda que para lá da especificidade de cada um destes actos, convivam em comum o valor próprio da CDU, os elementos distintivos dos seus critérios, da sua prática e projecto.

É a própria evolução da situação política nacional que confirma a CDU como uma força fiável, coerente e corajosa, determinada por um inabalável compromisso com o povo, garante de um exercício de cargos públicos ditado por critérios de honestidade e competência, um amplo e genuíno espaço de convergência e participação democrática. Um força que cumpre o que promete, que presta contas e responde pelo seu trabalho, que privilegia a verdade e o rigor e não cede à demagogia e populismos, que não se refugia em tacticismos para disfarçar comprometimentos com os que diz opor-se.

Seriedade no exercício dos cargos não apenas nessa dimensão mais directa do que ético lhe corresponde, mas também no desprendimento de interesses pessoais no exercício de cargos públicos, na recusa da promessa fácil para engodar apoios, no valor assumido pelos compromissos assumidos. Questão tão mais importante quando em tempo de eleições se vê regressar esse desfiar de promessas que exibe a desfaçatez de ver agora prometido o contrário do que fizeram. É assim quando se apresentam como paladinos do aumento de salários quem se opôs, uma e outra vez, às propostas do PCP para o salário mínimo ou à revogação de normas gravosas da legislação laboral que em si são um condicionamento ao seu aumento geral. É assim quando esgrimem a saúde como tema de caça eleitoral, dissimulando que sob essa proclamação está o objectivo de destruição do SNS e de negação do direito à saúde, seja pela capciosa armadilha do «direito de escolha», seja pela recusa da valorização dos profissionais do sector com o que abre de espaço ao negócio da doença. É assim com os que agora e lamuriam sobre o custo de vida mas beneficiaram os grupos económicos e os seus lucros, protegeram a grande distribuição que esmaga a produção, recusaram reduzir custos de energia ou fixar preços. É assim com os que, falando da habitação, escondem o que garantem à banca de negócio e negação desse direito, mantêm via aberta para despejos e desproteção de arrendatários, favorecem a especulação imobiliária. Toda uma prática que, para lá da retórica, põe em evidência que quem não tem palavra não merece confiança.

Seriedade também medida pela clareza de propósitos, afirmação da sua identidade e dos seus objectivos. Uma força que não se esconde, que se apresenta de rosto destapado perante quem tem de prestar contas, que não dissimula conivências e comprometimentos políticos sob falsas capas. Na CDU não há espaço para acordos de bastidores como se revelam nessa pré-esboçada coligação entre PS e PSD travestida de listas de «independentes» em Santiago do Cacém. Nada que surpreenda.

Recue-se às 50 coligações formais entre estes dois partidos em 1985, aos diversos arranjos em mandatos anteriores de listas cruzadas para órgãos municipais para combater a CDU, adicionem-se soluções idênticas às de Santiago já registadas (de que é exemplo, Montemor-o-Novo em 2001), juntem-se as viabilizações pelo PS de orçamentos de Moedas em Lisboa ao mesmo tempo que inviabilizam o da CDU em Setúbal, apimente-se com a votação dessa peça de especulação que é a Lei de solos – e conclua-se o que se deve concluir. É que por mais engenhosas «frentes de esquerda» que se apregoem e que alguns se prestem a legitimar o que fica à evidência, também no plano local, é a convergência em questões essenciais entre PS e PSD.

 



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