Dinheiro negado para salários sobra para lucros colossais
Os «colossais» lucros anuais dos cinco maiores bancos e de cinco grupos económicos «traduzem um nível de acumulação e concentração da riqueza que é económica e socialmente insustentável», frisou a CGTP-IN.
Por dia, cinco bancos e cinco grupos arrecadaram 20,8 milhões de euros
A confederação chamou a atenção, no dia 7, sexta-feira, para o «contraste gritante» entre o aumento dos lucros da banca, bem como de cinco grandes grupos da indústria, e «as crescentes dificuldades dos trabalhadores e das suas famílias acederem ou cobrirem os encargos com a habitação».
Comentando os resultados anuais que têm vindo a ser anunciados, a CGTP-IN assinalou que, «em 2024, os cinco maiores bancos a operar em Portugal aumentaram os seus lucros em 12,2% face a 2023», mas «quase os duplicaram, se a comparação for feita com 2022, e tiveram um aumento de 248%, se a base de comparação for 2021».
Em média, «por dia, em termos líquidos, ou seja, limpos de impostos, estas cinco instituições acumularam 13,9 milhões de euros, um aumento diário de 9,9 milhões de euros, comparando com o ano de 2021».
Para a Intersindical Nacional, «na base destes resultados estão, entre outros factores, a política de fixação de juros do BCE e as comissões cobradas por estes bancos».
Aos lucros somadas da CGD, do BCP Millennium, do Novo Banco, do Santander Totta e do BPI, acrescem «os 5,1 milhões de euros líquidos que a EDP e a GALP acumularam, por dia, em 2024, ou os 1,8 milhões de euros da Semapa, Navigator e Corticeira Amorim».
«O dinheiro que se diz não existir para aumentar salários, a economia que se afirma não sustentar as reivindicações dos trabalhadores de um aumento geral e significativo de todos os salários, em pelo menos 15% e nunca inferior a 150 euros, sobra para garantir estes lucros colossais, que traduzem um nível de acumulação e concentração da riqueza que é económica e socialmente insustentável», protestou a Inter.
Foi «sintomático» que a divulgação dos lucros dos bancos tenha ocorrido no mesmo dia (6 de Março) em que o Instituto Nacional de Estatística divulgou os dados anuais sobre Saúde e Privação Material das Crianças.
Desse estudo, a CGTP-IN realçou que, «em 2024, comparando com 2021, aumentou o número de crianças que pertenciam a agregados familiares em privação material e social». Destacou ainda que «uma em cada cinco crianças não tem a possibilidade de passar férias, fora de casa, pelo menos uma semana por ano».
Fica assim patente «um contraste gritante, num país que está [bom], como nunca, para o grande capital, mas que falha em garantir os mínimos a um número crescente de crianças».
A CGTP-IN reafirmou que «exige uma ruptura com esta política geradora de desigualdades, alicerçada na exploração, subordinada aos interesses dos que mais têm», e apelou a que todos os trabalhadores participem na Manifestação Nacional da Juventude Trabalhadora, a 28 de Março e na Jornada de Luta Nacional, a 5 de Abril, com manifestações em Lisboa, Coimbra e Porto.