Conceição Matos homenageada em São Pedro do Sul
O PCP realizou, no dia 1, no Centro Cultural de São Pedro do Sul, uma homenagem a Conceição Matos, resistente, militante do Partido e vítima das prisões e da tortura do regime fascista.
«Se tivéssemos que voltar ao princípio, faríamos o mesmo caminho»
Na sua intervenção, Conceição Matos começou por agradecer a realização daquela iniciativa, promovida pela Organização Regional de Viseu do Partido. «Esta homenagem sensibiliza-me de forma muito particular pelo facto de ter lugar na terra onde nasci, há 88 anos», afirmou, destacando o facto de a sessão, que contou com uma sala cheia, «ter como pressuposto o meu percurso de vida, como membro do PCP e resistente antifascista, e pela minha participação na luta pela liberdade, questões determinantes no meu percurso como ser humano e cidadã».
A militante comunista recordou o seu período na resistência ao fascismo, que começou na altura em que visitava os irmãos na prisão, e que acabou por resultar em duas prisões às mãos da PIDE – a primeira em 1965, e a segunda em 1968, nas quais foi brutalmente torturada.
Apesar destas dificuldades (a que se soma o período em que viveu na clandestinidade, como funcionária do Partido), realçou que «se tivéssemos que voltar ao princípio, faríamos o mesmo caminho».
Conceição Matos sublinhou, ainda, que o seu não foi «um caso particular, nem especial», frisando que «é indispensável não deixar esquecer que a luta não teria acontecido se milhares de pessoas não tivessem dado a sua vida».
Com uma mensagem de esperança para o futuro, a militante comunista agradeceu, também, a presença dos muitos camaradas e amigos na homenagem.
«Ontem, como hoje, temos por certo que, por muitas que sejam as dificuldades e o caminho a percorrer seja mais longo do que imaginámos, as futuras gerações viverão numa sociedade em que os valores verdadeiramente humanos serão a lei suprema do desenvolvimento social»
Na sessão esteve presente, ainda, Domingos Abrantes, comunista, resistente e companheiro de Conceição Matos, bem como Octávio Augusto, da Comissão Política, que lembrou as muitas tarefas assumidas pela militante do Partido, a qual caracterizou como «um exemplo de dignidade, demonstração de que os valores em que acreditamos e pelos quais lutamos não estão à venda».
Também Ricardo Brites, da Comissão Interconcelhia de Lafões, Isabel Almeida, do MDM, e António Vilarigues, da URAP, participaram e intervieram na iniciativa, que contou com um momento musical.