Escalada de lucros da GALP não chega aos trabalhadores

No dia em que a GALP anunciou os resultados anuais, registando lucros de 961 milhões de euros, trabalhadores concentraram-se junto à sede da empresa exigindo melhores salários, mais justiça na distribuição da riqueza e que esta reverta para o País.

Em Portugal paga-se mais do dobro do que em Espanha por uma botija de gás

A concentração, convocada pela Fiequimetal/CGTP-IN, reuniu representantes sindicais e trabalhadores, que garantem que o aumento dos salários já concretizado não acompanha os incrementos dos lucros nem cobre o agravamento do custo de vida. Desde logo, acusam, fica aquém do aumento exponencial das prestações do crédito à habitação.

Mas também no plano dos direitos dos trabalhadores, o balanço é negativo, denuncia a federação sindical, lembrando ataques recentes ao Acordo de Empresa e o aproveitamento da legislação que mantém a caducidade dos instrumentos de regulamentação colectiva em benefício do capital. Persiste, ainda, a criação de grupos de trabalhadores com direito inferiores, recorrendo a empresas de cedências de pessoas construídas no interior do próprio grupo, como a GALP Energia SA e a Galpgest.

A Fiequimetal destaca ainda a utilização dos trabalhadores como instrumentos de fuga aos impostos, «com o nome pomposo de benefícios fiscais». Estas situações, acrescenta, «são um bom exemplo da permissividade e cumplicidade das sucessivas maiorias políticas, para desvalorização do trabalho e criação de novos meios de obtenção de lucro, à custa dos direitos dos trabalhadores».

Inverter o sentido do fluxo do capital
Nos últimos quatro anos, a GALP registou os três melhores resultados de sempre, verificando-se uma escalada de resultados no período pós-pandemia. Para a federação sindical da CGTP-IN, isto é o reflexo de «conjunturas internacionais propícias à acumulação de lucros estratosféricos, mas também a uma política de apropriação/destruição de valor no País, destruição de emprego e desinvestimento em infra-estruturas muito importantes para a economia portuguesa».

Para a Fiequimetal, trata-se da «exploração de tudo e todos, para continuar a drenar centenas de milhões de euros, ano após ano, da economia nacional». Assim, conclui, é «necessária outra política, que inverta o sentido do fluxo do capital, para que seja de facto produzida riqueza para o País, a começar na valorização salarial dos trabalhadores, que também tem ficado por concretizar».

 

PCP quer fixar preço máximo da botija de gás

Não passou muito tempo até que, perante os lucros anunciados pela GALP, o PCP tenha vindo a público revelar que insistirá na fixação do preço da botija de gás em 20 euros. Em declarações na Assembleia da República, no dia 19, o Secretário-Geral, Paulo Raimundo, falou num «conflito de interesses» entre a família Amorim, accionista maioritária da Galp, e mais de dois milhões de famílias portuguesas que dependem do gás de botija para se aquecerem, para cozinhar e para tomar banho.

Aliás, o único factor que justifica que em Portugal se pague 36,90 euros por uma botija de gás – enquanto em Espanha a mesma não vai além dos 17 euros – é precisamente a acumulação de lucros por parte da Galp: é um «escândalo nacional», afirmou Paulo Raimundo.

O PCP vai insistir numa proposta de fixação de preço máximo de venda ao público de gás engarrafado e voltará a propor a redução do IVA da electricidade, telecomunicações e gás para 6 por cento. Quando o fez, na discussão do Orçamento do Estado para este ano, PSD, CDS, PS, Chega e IL votaram contra, recordou. O Secretário-Geral comunista desafiou estes partidos a votarem novamente estas propostas, mostrando assim se «vão optar pela família Amorim ou por 2,2 milhões de famílias no nosso país».

 



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