Exigência de paz e direitos na Palestina voltou às ruas
«Cessar-fogo permanente! Fim à ocupação da Palestina! Paz no Médio Oriente!» foi o lema das duas concentrações – uma em Lisboa e outra no Porto – realizadas anteontem ao final da tarde, à hora do fecho da nossa edição.
Não há paz no Médio Oriente sem que estejam garantidos os direitos dos palestinianos
Promovidas por CPPC, CGTP-IN, MPPM e Projecto Ruído – Associação Juvenil, e alargadas depois a mais organizações, as duas acções voltaram a trazer para as ruas das duas maiores cidades do País a exigência de um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza e do fim dos ataques e das expulsões na Cisjordânia. E fizeram mais do que isso: salientaram que a paz no Médio Oriente só será possível com o fim da ocupação israelita e o respeito «pelos inalienáveis e legítimos direitos nacionais do povo palestiniano, desde logo com a criação de um Estado palestiniano soberano, independente e viável nas fronteiras anteriores a junho de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, conforme as resoluções da ONU».
Num comunicado de dia 12, o MPPM adiantava 10 razões que justificavam a realização das duas acções. A primeira era a exigência do cumprimento do acordo de cessar-fogo por Israel, que o tem constantemente violado: à data, mais de 90 palestinianos tinham sido mortos em ataques israelitas e a ajuda humanitária que efectivamente entrou no território estava muito aquém do acordado. O fim da agressão contra a Cisjordânia é uma segunda reivindicação. Poucos dias após o início do cessar-fogo em Gaza, Israel desencadeou a operação «Muro de Ferro» na Cisjordânia, assaltando campos de refugiados, assassinando mais de 70 pessoas e forçando a deslocação de 40 mil.
Exigir o cumprimento do acordo de cessar-fogo no Líbano e a retirada das tropas de Israel desse país, como da Síria, eram outras duas razões, para além da reclamação ao Governo português para que reconheça finalmente o Estado da Palestina e à União Europeia para que suspenda o Acordo de Associação com Israel. Outra razão, a 7.ª, prendia-se com o necessário «controlo rigoroso da proibição do comércio de armas com Israel» e a 8.ª com a exigência de «legislação eficaz que proíba as relações económicas com os colonatos israelitas».
A garantia de liberdade de acção para a UNRWA, agência da ONU para assistência aos refugiados palestinianos, cuja acção está limitada pela «política criminosa de Israel», é uma outra razão, a par da expressão do firme repúdio dos projectos de limpeza étnica da Palestina. O MPPM lembra que estes projectos, «que estão na génese do movimento sionista que alimenta o sonho do Grande Israel, eram acarinhados por elementos mais radicais do governo israelita, mas têm agora o apadrinhamento do presidente dos EUA». A chamada «comunidade internacional» ficou calada.
Voltaremos a estas acções na próxima edição.
Campanha de solidariedade com Cuba
A campanha de solidariedade «Por Cuba! Fim ao Bloqueio» foi lançada no dia 13, numa participada sessão realizada na Fundação José Saramago e dirigida pela dirigente do CPPC Julie Neves, Sandra Pereira, presidente da Associação de Amizade Portugal-Cuba, e João Barreiros, membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN, começaram por explicar as razões da realização desta campanha, que durará até ao início de 2026, bem como a necessidade de manter a solidariedade com o povo cubano. Do público, representantes de outras organizações intervieram, ficando claro o compromisso de trabalhar para o sucesso desta campanha.
Para além das contribuições financeiras (IBAN: PT50 0033 0000 0058 0164 1169 7), o objectivo da campanha é recolher material escolar, brinquedos, medicamentos e material hospitalar, bem como equipamentos geriátricos, que possam depois ser enviados para Cuba. Quem pretender fazer contribuições materiais deverá contactar organizações promotoras, o e-mail [email protected] ou os números de telefone 962022 208/7.
Ao longo da campanha serão também dinamizadas inúmeras iniciativas, desde debates, projecção de filmes e documentários, exposições, sessões culturais, participação em feiras e eventos.
Na sessão deu-se a conhecer as primeiras organizações promotoras: A Voz do Operário; Associação de Amizade Portugal-Cuba; Associação Conquistas da Revolução; Associação Portuguesa dos Juristas Democratas; Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional; Conselho Português para a Paz e Cooperação; Frente Anti-Racista; Movimento Democrático de Mulheres; MURPI – Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos; Projecto Ruído – Associação Juvenil; União dos Resistentes Antifascistas Portugueses.
Bloqueio é violação do direito internacional
No apelo da campanha, lembra-se que Cuba «está sujeita a um desumano bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA», que constitui uma flagrante violação do direito internacional e visa obstaculizar o desenvolvimento económico e social do país, afectando o povo cubano nas suas necessidades básicas. A decisão da administração Trump de reintroduzir Cuba na arbitrária lista dos EUA de alegados «países patrocinadores do terrorismo» (após seis dias da sua retirada por parte da administração Biden) pretende «agravar ainda mais o cerco imposto a Cuba».
Os promotores da campanha valorizam o facto de o povo cubano, enfrentando «exigentes dificuldades e desafios», se manter determinado na defesa da sua soberania e independência, «mostrando ao mundo que se recusa a ceder a sua dignidade e o direito de decidir o seu próprio caminho». Cuba, «que tão solidária é com o mundo, é também merecedora da nossa solidariedade», salientam, reafirmando a exigência de que seja posto fim ao bloqueio.