As mais exaltantes páginas do Avante! ainda estão por escrever

Ler o Avante! constitui um acto de resistência contra a desinformação


94 anos é muito em termos de vida humana e não deixa também de ser uma longevidade apreciável se em causa estiverem instituições, organizações e entidades – quaisquer que sejam. Mais significativa será, ainda, se falarmos de quem nunca teve a vida facilitada, remando praticamente durante todo o seu percurso contra a corrente do poder e enfrentando por isso todo o tipo de dificuldades, perseguições e violências – e a todas resistindo.

Ao evocar tão expressivo aniversário do Avante! é forçoso que destaquemos a sua longa e heróica história e os seus empenhados obreiros – alguns dos quais deram a vida para o defender, produzir e distribuir. E que lembremos, uma e outra vez, o papel destacado que assumiu durante a resistência ao fascismo, não deixando que a longa noite de opressão e repressão apagasse a chama da resistência e da esperança.

Justo é, também, que não se esqueça do Avante! legal, impulsionador da Revolução e seu defensor, construtor da unidade, organizador da luta, formador de gerações de comunistas (e não só).

Erra, porém, quem pretender remeter para a história a importância do Avante!. É que a história, sobretudo uma tão intensa e rica como esta, é o chão sobre o qual assenta o presente e o futuro.

Reflexão, crítica e perspectiva
Nestes tempos em que vivemos, marcados por uma poderosa ofensiva ideológica, movida não apenas contra o PCP, mas também contra os direitos dos trabalhadores e dos povos, contra os valores da democracia, da igualdade, do progresso social e da paz, é fundamental um jornal como o Avante!, voz singular no panorama mediático português, o único jornal de expressão nacional que não se encontra subordinado aos grupos económicos.

A densificação dos instrumentos ao serviço do capital monopolista e a multiplicação e concentração dos seus centros de produção ideológica obrigam a que o Partido conte cada vez mais com os seus próprios meios para combater a ofensiva ideológica, para informar, esclarecer, dinamizar a luta e afirmar o seu ideal e projecto.

Como jornal que é, o Avante! acompanha a actualidade do País e do mundo: noticia o que outros escondem; desmonta narrativas dominantes; apresenta a perspectiva dos trabalhadores e dos povos; afirma a visão, o projecto e o Programa do PCP. À gritaria com que outros procuram desviar atenções do essencial, contrapõe uma informação de verdade sobre os problemas reais; à desinformação cada vez mais descarada, responde com o rigor de uma reflexão crítica do País e do mundo, resistindo à imposição de um «pensamento único»; ao nivelamento por baixo, que marca hoje a generalidade da comunicação social, aborda com profundidade assuntos relevantes nos domínios político, económico, social e cultural.

Responde ao direito de informar e ser informado, que a Constituição garante e o controlo ideológico e concentração da comunicação social dominante nos grupos económicos, todos os dias denega aos trabalhadores e ao povo.

Ler o Avante! constitui, assim, um acto de resistência contra a desinformação, de liberdade, de elevação da consciência, de defesa de muitos direitos que a nossa Constituição consagra. E desempenha também um importante papel organizativo: promove a formação ideológica de quadros e militantes, qualifica a militância, fomenta a unidade, alarga a influência do Partido.

É preciso continuar a alargar a difusão do Avante!
Estas são características que transportam em si mesmas um enorme potencial de alargamento, que só será aproveitado se o Avante! for mais lido e se chegar mais longe – e não há golpes de asa ou truques de magia capazes de fazer o que só a organização, a militância e a criatividade são capazes de assegurar. São necessárias medidas orgânicas, o empenho das organizações e militantes, a responsabilização de quadros.

A recente campanha de difusão do Avante! revelou possibilidades e apontou caminhos, que importa desenvolver: é preciso alargar a rede de difusores, criar novas ADE’s, listar potenciais leitores, ter o Avante! mais presente nas iniciativas do Partido. É fundamental promover com mais regularidade bancas junto a empresas e locais de trabalho, terminais de transporte, feiras, ruas, escolas, praias. É o Partido na rua, com o seu jornal, a sua visão do mundo, o seu projecto revolucionário.

Façamo-lo, então, de forma organizada, combativa e confiante. Há melhor forma de honrar – e continuar – esta história?

 



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