Constituída Associação Amigos do Museu Nacional Resistência e Liberdade

Cerca de 450 pessoas participaram, dia 27 no Outubro, no 8.º Encontro de ex-presos políticos, familiares e amigos, democratas e antifascistas, onde foi constituída a Associação Amigos do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL), em Peniche.

Museu dá a conhecer a luta dos portugueses entre 1926 e 1974

A mesa da cerimónia – que decorreu no Espaço Cisterna do Museu – era composta por José Pedro Soares, Álvaro Pato, dos Organismos Executivos da União de Resistentes Antifascistas (URAP), e Mariana Rocha, da Comissão Instaladora do Museu, operária conserveira, sindicalista e moradora em Peniche. Os trabalhos foram dirigidos por Sofia Lisboa, também da Comissão Instaladora.

José Pedro Soares começou por destacar a importância da luta da URAP para que a Fortaleza de Peniche se tornasse um Museu da Resistência, dado que o governo da altura, do PS, «pretendia incluir este histórico lugar na listagem dos monumentos a concessionar a privados para fins hoteleiros».

O espaço é, agora, «de todos e parte integrante do MNRL». «Esta Fortaleza e o que nela está edificado constituem um património de grande simbolismo, onde se guardam pedaços da nossa história que devem ser conhecidos, valorizados, preservados e usufruídos», disse José Pedro Soares, recordando que «foi também essa a exigência da população de Peniche quando há 50 anos, na noite da libertação dos presos políticos, exibiu uma grande faixa à porta da Fortaleza, na qual se lia “Agora o Forte deve ser para visitar”».

Luta contra o fascismo
Este é um Museu que «desejamos ser cada vez mais conhecido e visitado» e, «pelo que lembra e dá a conhecer da luta dos portugueses, entre 1926 e 1974, contra o fascismo, sobretudo os inumeráveis exemplos de determinação e coragem contra a opressão, pela liberdade, contra o colonialismo e a guerra, será sempre uma escola de cidadania activa, de formação democrática, impulsionadora de valores humanistas, de maior justiça, de progresso social na defesa e educação para a paz», declarou o dirigente.

Destacou ainda o contributo do Núcleo da URAP do concelho de Peniche que desenvolve actividades, nomeadamente com alunos, professores e escolas de todo o concelho, e criou e dinamiza o «Roteiro da Resistência»; a «activa» parceria do MNRL com outras actividades da URAP, que «serão sempre complementares e potenciadoras do associativismo cívico, democrático e antifascista»; o trabalho com a Associação 25 de Abril e a Câmara Municipal de Oeiras nas gravações dos depoimentos de ex-presos políticos; a criação de um Memorial com os mais de 10 mil nomes de ex-presos que passaram pela Cadeia do Forte de Caxias; a luta pela transformação em Museu da antiga cadeia da PIDE no Porto, na rua do Heroísmo, que encarcerou cerca de sete mil presos; a criação de um Espaço de Memória na Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, local onde entre 1933 e 1943 funcionou uma outra sinistra cadeia do fascismo.

Em nome do MNRL esteve Ana João Macatrão dos Reis, que leu uma saudação da directora, Aida Rechena, ausente do País.

 

Divulgar e preservar a memória

Álvaro Pato apresentou o objectivo principal da Associação Amigos do MNRL – Fortaleza de Peniche: «contribuir para a divulgação do Museu junto do público em geral, mas sobretudo dos jovens, dos trabalhadores, estudantes, professores, em cooperação com a Direcção do Museu» e promover «actividades que o tornem mais conhecido e visitado por portugueses e estrangeiros».

Visa ainda «contribuir para a recolha de documentação e outro material de divulgação da memória da resistência à ditadura», «estimular, ao nível do ensino, incluindo em programas curriculares, os valores da democracia e da liberdade» e «cooperar, em articulação com as autarquias locais e a sociedade civil, bem como com outras organizações democráticas e antifascistas, em iniciativas que exprimam, nas suas variadas formas, a homenagem e o reconhecimento ao combate cívico e à resistência em prol da liberdade e da democracia», descreveu.

Para a concretização destes objectivos, afirmou Álvaro Pato, a Associação deverá promover «conferências, convívios, cursos, congressos, exposições, ciclos de cinema da resistência, estimulando a ligação e cooperação com a população e as associações de todo o País, com destaque para a cidade de Peniche», «editar trabalhos, boletins e quaisquer outras documentações gráficas e audiovisuais», «angariar e doar ao Museu objectos, livros e outros documentos que permitam o enriquecimento do seu espólio», «cooperar e participar com a Direcção do Museu nos assuntos e actividades em que a intervenção da Associação seja solicitada»; «informar regularmente os associados e receber e considerar as suas opiniões e sugestões sobre o Museu e a actividade da Associação».

O 8.º Encontro de Peniche, que se tinha iniciado com visitas ao MNRL, acompanhadas por ex-presos políticos, um almoço organizado pelo Núcleo Concelhio da URAP e um desfile pela cidade de Peniche, terminou com a actuação do Coro Municipal da Lourinhã, dirigido pelo maestro Carlos Alves.

 



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