O intelectual e sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez, considerado pai da Teologia da Libertação, corrente do pensamento cristão centrada na dignidade dos pobres, morreu, em Lima, no dia 22, aos 96 anos. O anúncio foi feito pela ordem religiosa a que pertencia, a Ordem Dominicana.

Fundador do Instituto de Las Casas, em Rimac, um bairro popular de Lima, via no frade dominicano espanhol Bartolomeu de Las Casas, defensor dos indígenas e dos africanos, um exemplo a seguir. Estudou filosofia e psicologia. Em 1960 começou a ensinar na Pontifícia Universidade Católica do Peru. Os seus cursos promoviam um diálogo entre a fé cristã e o pensamento contemporânea. Foi consultor teológico na Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em 1968, em Medellín, Colômbia, que deixou influentes documentos sobre justiça, paz e pobreza.

A Teologia da Libertação considera que a história da salvação coincide com a história da humanidade, visando um entendimento integral da condição humana historicamente situada, que inclua as dimensões social, económica, assim como a religiosa. Daí, Gutiérrez ter escrito, no livro Teologia da Libertação: «O futuro da da história pertence aos pobres e explorados; neles, Deus salva a história». A acção transformadora é central na sua teologia.