Habitação em destaque no Parlamento e fora dele
A Assembleia da República discute hoje, 17, e vota amanhã, 18, dois projectos de lei do PCP sobre habitação: o primeiro prevê a criação de um Regime Especial de Protecção da Habitação Arrendada e o segundo de um regime extraordinário de protecção da habitação própria face ao aumento dos encargos com o crédito à habitação.
Com o primeiro o PCP pretende criar limites ao aumento do preço do arrendamento de novos contratos, aos despejos por «comprovada insuficiência económica» e às possibilidades de não renovação de contratos de arrendamento habitacional contra a vontade do inquilino. Propõe a extinção do balcão do arrendatário e do senhorio, conhecido por Balcão dos Despejos, e a reposição do procedimento especial de despejo por via judicial.
Na outra iniciativa, o PCP pretende que seja travada a subida das prestações das famílias, pondo os lucros dos bancos a suportar as subidas das taxas de juro. A proposta comunista fixa o limite máximo da prestação em 35% do rendimento mensal do agregado familiar e reforça o poder negocial das famílias, ao mesmo tempo que cria uma moratória, por um período máximo de dois anos, que suspenda a amortização do capital e pagando juros apenas a uma taxa igual àquela a que os bancos se financiam. E admite a hipótese de conversão do crédito em arrendamento, com possibilidade de retoma do empréstimo no prazo de 10 anos, descontando as rendas pagas.
Petição pelo direito à habitação
Para ontem, 16, estava marcada a entrega de uma petição à Assembleia da República e à Secretária de Estado da Habitação, com milhares de assinaturas, «Pelo Direito à Habitação em Portugal». A petição foi dinamizada pelo movimento Porta a Porta, que quer ver o seu conteúdo debatido no Parlamento.
O Porta a Porta acusa o Governo de «agravar o problema de todos aqueles que, vivendo e trabalhando no nosso país, precisam de casa para viver», dando o exemplo do programa «Construir Portugal». Também o Orçamento do Estado, garante, torna a situação ainda mais difícil, ao prever a intenção de, satisfazendo os interesses dos grandes proprietários, caducar administrativamente os cerca de 120 mil contratos anteriores a 1990. E, com isso, admitir despejar «centenas de milhares de pessoas, das mais vulneráveis da nossa sociedade, especialmente idosos, nas ruas».
Para o Porta a Porta, «é tempo de inverter as políticas».