A Festa do Avante! é, indiscutivelmente, a maior iniciativa político-cultural de Portugal. O País e o mundo, e as lutas dos povos pela sua libertação da exploração, pela justiça social, pelo progresso social e pela paz, em 30 hectares. No entanto, a cobertura mediática tem sido, ano após ano, marcada por um apagamento e discriminação, especialmente no que toca à sua dimensão cultural.

A edição de 2024 revelou novamente esta tendência. A RTP dispensou o habitual directo com o Secretário-Geral do PCP na sexta-feira, no Telejornal, e limitou a transmissão em directo do comício de domingo na RTP3 a parcos minutos. A TVI, embora tenha sido o único canal generalista a fazer um directo com Paulo Raimundo na sexta-feira, não exibiu uma única imagem que mostrasse a dimensão do comício de domingo, optando por planos fechados. A SIC, voltou a ficar-se pelos mínimos, ainda que tenha sido o único canal a transmitir imagens que permitiam perceber a sua dimensão.

Nos jornais, a cobertura foi igualmente minimalista. O DN e o Correio da Manhã (incluindo CMTV) ignoraram quase por completo a Festa, enquanto o Público, embora tenha dedicado mais espaço do que o habitual, centrou-se nas críticas aos EUA, um exercício que, na prática, serviu para alimentar preconceitos. Nenhuma publicação trouxe imagens que retratassem o ambiente ou a verdadeira dimensão da Festa. Também as rádios seguiram este padrão, com uma cobertura focada apenas na presença do Secretário-Geral do PCP, ignorando a diversidade cultural e os debates que ocorrem no evento.

O exemplo mais extremo de manipulação veio do Observador, cujo único conteúdo próprio foi um artigo de opinião para criticar o Secretário-Geral por não ter feito a intervenção que o autor, eventualmente, desejaria. O problema surgiu quando tentou fazer graça com o número de caracteres e os minutos do discurso do comício, sem acertar em nenhum dos números. Talvez a asneira seja explicada pelo facto de aquele órgãos não ter enviado um único jornalista ao local, o que, diga-se, demonstra a natureza do interesse daquele órgão pela Festa e pelo PCP.

Este tratamento mediático reveste-se de um contraste gritante face a outras iniciativas, nomeadamente com uma componente cultural relevante. A Festa do «Avante!» tem um carácter único no Portugal de Abril, com uma dimensão e diversidade de expressões culturais, com um ambiente único que só é possível por ser construída por um colectivo que tem como objectivo uma sociedade sem exploradores nem explorados. Este apagamento é uma expressão da ausência de pluralismo mediático e do domínio de valores e concepções que são incompatíveis com uma construção assente em trabalho militante e solidário, concebida para quem dela usufrui, com os olhos postos na transformação do mundo, em confronto com quem visa a submissão de todas as dimensões da vida, nomeadamente da cultura, ao lucro e à exploração. Mas a Festa é também uma expressão de força a que nenhum visitante fica indiferente, e é também por isso que, apesar dos esforços, continua a ser impossível de apagar por quem comanda o aparelho mediático.