Preparar o Congresso organizando e lutando

Na conferência de imprensa realizada ao final da manhã do dia seguinte à reunião do Comité Central, o Secretário-Geral do Partido foi questionado acerca dos temas que estarão em debate no Congresso e se algum deles versará sobre possíveis alianças pré-eleitorais e até mais amplas frentes. A esse respeito, Paulo Raimundo reafirmou o que já antes dissera: «O desafio que está colocado aos comunistas, aos ecologistas, aos democratas e patriotas não é o de pugnar pela diluição de forças que dão combate a essa política [de direita], mas sim dar mais força ao PCP e à CDU, desde já nas próximas eleições autárquicas, com a afirmação do projecto autárquico da CDU, um projecto com provas dadas e com opções distintivas desde logo com as práticas do PS, em defesa dos serviços públicos, dos trabalhadores, do Poder Local Democrático.»

A questão, insistiu, «não é a pessoa A, B ou C, não é o objectivo numérico», mas os conteúdos, as propostas e as soluções para as populações e um projecto que responda aos seus problemas. Quanto ao projecto da CDU, é um «espaço de participação democrática que é necessário alargar com audácia a ainda mais gente sem filiação partidária, dando-lhe mais força e mais capacidade de responder aos problemas das populações, mas também de enfrentar novos desafios que aí estão e outros que se vão colocar».

Pela paz, a democracia e a soberania
Traçando um retrato da situação política nacional, o Secretário-Geral do PCP salientou que se avolumam os problemas sem resposta: os salários baixos, as carreiras e profissões por valorizar, o investimento público que teima em não passar de anúncios, os serviços públicos que continuam a degradar-se, as dificuldades na habitação que se acentuam, «ao mesmo tempo que crescem e se acumulam os lucros da banca». Para Paulo Raimundo, é perante esta realidade marcada pelas injustiças e desigualdades que «não deixa de ter significado que a opção do Governo do PSD/CDS seja a de aprofundar uma política que é em si mesmo a razão da situação a que chegámos».

O dirigente comunista alertou ainda, referindo-se à situação internacional, para os «perigos que decorrem da política de confrontação, guerra e corrida aos armamentos», sublinhando que à «situação em curso na Europa e no Médio Oriente, acresce a instigação à confrontação na Ásia-Pacífico e a desestabilização em várias partes do mundo». A luta pela paz, garantiu, assume-se hoje como uma luta «pela democracia, pela soberania e pelo futuro».

 



Mais artigos de: Em Foco