Exigência na Navigator levada aos accionistas

Trabalhadores das fábricas da Navigator em Cacia, Figueira da Foz e Setúbal, em greve, protestaram, dia 24, em Lisboa, frente ao hotel onde a assembleia de accionistas deu 150 milhões de euros em dividendos.

Os lucros foram os maiores e os aumentos salariais foram os menores de sempre

A concentração e a greve foram convocadas pelos sindicatos SITE Sul e SITE Centro-Norte, com o apoio das comissões de trabalhadores, para reclamar a abertura do normal processo de negociação dos cadernos reivindicativos e denunciar a «estratégia engenhosa» da administração, na revisão anual do Acordo de Empresa.

Apesar de ter criado a ilusão de aumentos salariais, a verdade é que não houve aumentos nas tabelas salariais, mas uma antecipação da progressão nas carreiras, que dependeu de avaliação de desempenho e, em alguns casos, representou poucos euros – como explicou à agência Lusa um dirigente da FIEQUIMETAL/CGTP-IN. Mário Matos acusou a Navigator de ter aplicado a todos os trabalhadores um acordo que fez com outra estrutura.

Desta forma, não ficou reposto o poder de compra perdido nos anos anteriores, como se protesta numa resolução, aprovada unanimemente e depois levada por uma delegação aos escritórios da Navigator. No documento afirma-se que apresentar promoções e progressões como um substituto de aumentos salariais justos é «uma manobra de diversão e uma falta de respeito para com quem deu um contributo decisivo para os bons resultados do grupo».

Enquanto os resultados líquidos dos últimos dois anos, que superaram 660 milhões de euros, foram os melhores do grupo, os aumentos salariais foram os mais baixos de sempre: 0,9 por cento, em 2022, com um mínimo de 15 euros; aumento zero, em 2023, sem negociação e com a ilusão de aumentos reais.

Na resolução recorda-se que ocorreram outras perdas, tais como: alterações prejudiciais em benefícios sociais (subsídio de doença, seguro de saúde e apoios escolares) e nos regulamentos dos prémios (anual e trimestral); diminuição dos valores na grelha do prémio anual; redução do subsídio de turno; adulteração da tabela por escalões; inflexibilidade patronal para alterar o Plano de Carreiras e perpetuação de trabalhadores desenquadrados na sua classificação profissional.

A injustiça na distribuição da riqueza criada, patente nos números citados na resolução, foi condenada igualmente em intervenções de trabalhadores e dirigentes das estruturas representativas.

O Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, condenou o grande contraste entre, por um lado, as remunerações milionárias dos accionistas e dos administradores e, por outro lado, os salários dos trabalhadores, apertados com o aumento do custo de vida, especialmente as rendas de casa e as prestações dos empréstimos da habitação.

Uma delegação do PCP esteve na concentração, reafirmando a solidariedade e apoio do Partido à justa luta dos trabalhadores da Navigator.



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