Israel lança ataque contra Rafah no sul da Faixa de Gaza
Com o apoio e a conivência dos EUA, da UE e de outros seus aliados, perante a neutralização das Nações Unidas e ignorando as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, Israel intensificou no início da semana os ataques militares contra Rafah, onde se refugiam mais de um milhão de pessoas.
Israel controla passagem com o Egipto e intensificou ataques a Rafah, cidade com mais de um milhão de deslocados palestinianos
O exército israelita anunciou na terça-feira, 7, em Telavive, que mantém a ocupação do lado palestiniano da passagem de Rafah, aumentando os receios internacionais de uma ofensiva total contra essa cidade do sul da Faixa de Gaza.
A aviação israelita lançou mais de 50 ataques contra diversos lugares de Rafah, onde estão refugiados 1,5 dos 2,3 milhões de habitantes do território.
Responsáveis das Nações Unidas, numerosos países e organizações não-governamentais (ONG) criticaram anteriormente a anunciada ofensiva contra a cidade, temendo um massacre de grandes proporções, que configura um crime de enormes dimensões, tanto mais grave porquanto se trata de um ataque lançado sobre um povo que se encontra em situação de grande fragilidade, exausto, com fome, exposto a uma situação em que não tem saídas para uma situação que lhes garanta a segurança.
De facto, causa horror e é digna de forte repulsa a ordem de Israel de evacuar 100 mil palestinianos e aquilo que parecem ser os preparativos para uma iminente invasão de Rafah, ignorando os apelos de dirigentes de todo o mundo para que detenha este contínuo e bárbaro ataque.
Israel ordenou na segunda-feira, 6, a evacuação de «apenas» 100 mil palestinianos que vivem ou estão deslocados na zona oriental de Rafah e assaltou e ocupou a passagem, por onde ingressa quase toda a ajuda humanitária para o território. Pouco depois, o Gabinete de Guerra, encabeçado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, anunciou a continuação das operações à volta da cidade, apesar da disposição do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em aceitar um cessar-fogo.
O portal noticioso israelita Walla estimou que o objectivo de se apoderar da passagem fronteiriça é intensificar a pressão sobre os palestinianos ao controlar, ainda mais, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que vive uma catástrofe humanitária sem precedente devido aos ataques e bloqueio impostos por Israel.
Rafah e a passagem fronteiriça confinam com o Egipto, cujo governo teme uma avalancha de centenas de milhares de refugiados. As autoridades do Cairo advertiram em repetidas ocasiões que a entrada das tropas ocupantes na cidade colocaria em perigo o tratado de paz assinado com Israel em 1979.
Calcula-se que até agora, em resultado dos ataques israelitas na Faixa de Gaza, desde Outubro, tenham morrido mais de 34 mil palestinianos – na sua maioria crianças, mulheres e idosos – e ficado feridos mais de 77 mil, além de outros milhares de desaparecidos.
EUA: mais de dois mil estudantes presos
Mais de dois mil estudantes universitários norte-americanos foram presos desde 18 de Abril, depois de alunos da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, terem organizado acções de solidariedade com a Palestina, contra os massacres israelitas perpetrados na Faixa de Gaza e a exigir o fim do apoio de Washington ao governo de Israel.
De acordo com meios de informação dos EUA, as detenções ocorreram em mais de 60 universidades e outras instituições de ensino, onde os estudantes instalaram acampamentos e pediram o termo das relações das administrações dessas escolas com Israel. Na maior parte dos casos, a polícia – chamada a intervir pelas direcções das universidades – utilizou forças e veículos militarizados e materiais explosivos para destruir os acampamentos e desalojar os estudantes de edifícios escolares ocupados.
Na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a imprensa destacou a violência policial durante as detenções, tendo sido disparadas balas de borracha contra os manifestantes, que se defenderam com guarda-chuvas e escudos improvisados.
Os protestos estudantis nos EUA saltaram as fronteiras do país e chegaram à Europa, tendo-se registado manifestações pró-palestinianas em universidades de França, Bélgica, Alemanha, Países Baixos e Espanha, muitas delas também reprimidas pela polícia.