Israel intensifica ataques em Gaza e ameaça com nova catástrofe em Rafah
A criminosa agressão de Israel contra o povo palestiniano prossegue, em especial na Faixa de Gaza, onde paira a ameaça de um ataque de grande escala contra Rafah. Nos EUA, a polícia reprime protestos de estudantes e professores universitários contra o apoio norte-americano ao genocídio e em Israel multiplicam-se as manifestações contra a guerra e a ocupação da Palestina.
Seria catastrófico um ataque de grande escala contra Rafah
Aviões de combate israelitas bombardearam, na segunda-feira, 29, habitações na cidade de Rafah, causando uma vintena de mortos, entre os quais mulheres e crianças, e dezenas de feridos.
Nos últimos dias, as tropas israelitas intensificaram os ataques contra essa cidade, no sul da Faixa de Gaza, onde se refugiam mais de um milhão de pessoas. O governo israelita tem ameaçado lançar um assalto militar contra Rafah, apesar do repúdio geral contra essa acção, pelas brutais consequências que teria sobre a população palestiniana.
As forças ocupantes efectuaram também, esta semana, novos ataques na zona de Abu Hasira, na cidade nortenha de Gaza, e fizeram mais bombardeamentos aéreos contra os campos de refugiados de Nuseirat e Bureij.
A intensificação da guerra genocida ocorre quando é noticiada a realização de conversações no Cairo, sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a libertação de presos e o fim do bloqueio a este território.
Guerra dura há 76 anos
O presidente do Conselho Nacional Palestiniano, Rawhi Fattouh, advertiu que a guerra impulsionada por Israel tem como objectivo não só a Faixa de Gaza mas também a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.
Ao intervir na sessão do Parlamento Árabe, no Cairo, o responsável denunciou a morte de mais de 34 mil pessoas, incluindo milhares de crianças e mulheres, na Faixa de Gaza, desde Outubro. Mas salientou que «a guerra contra o povo palestiniano dura há 76 anos, e não só contra a Faixa de Gaza».
Criticou os planos de colonização da zona ocupada de Jerusalém Oriental, que as resoluções da ONU consideram como a capital do futuro Estado da Palestina. Afirmou que o governo israelita pretende expulsar a população árabe. «A guerra de extermínio levada a cabo em Gaza e na Cisjordânia é o resultado de um Estado canalha que (…) está protegido e apoiado pela administração norte-americana», acusou.
Manifestação em Nazaré
Milhares de pessoas participaram, no sábado, 27 de Abril, na cidade de Nazaré, num desfile organizado pelo Partido Comunista de Israel (PCI) e pelo Hadash, no quadro das comemorações do 1.º de Maio.
Na véspera da manifestação, a polícia, fortemente armada, entrou na sede local do PCI, deteve dois activistas que preparavam materiais de propaganda para o dia seguinte e «confiscou» equipamento e bandeiras.
Apesar da provocação policial, a marcha, ao som dos tambores de grupos da Liga dos Jovens Comunistas, foi um êxito, com os participantes empunhando bandeiras vermelhas e palestinianas e exibindo faixas e cartazes pela dignidade da classe trabalhadora, contra a mortífera guerra em Gaza, a ocupação dos territórios palestinianos, o imperialismo norte-americano e o capitalismo.
Entre os manifestantes estiveram o secretário-geral do PCI, Adel Amer, outros dirigentes comunistas e parlamentares do Hadash. O deputado Ofer Cassif afirmou que, «apesar da ameaça fascista e terrorista, desfilámos hoje, milhares de judeus e árabes juntos, para protestar contra o criminoso massacre em Gaza, a ocupação e a limpeza étnica na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental, contra a injustiça social, a exploração de classe e o fascismo, e pela libertação dos reféns na base do princípio “todos por todos”, pela igualdade nacional e social, democracia e paz justa».
Protestos em universidades dos EUA contra apoio a Israel
Nos EUA, as manifestações de apoio ao povo da Palestina e de condenação dos ataques de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia estendem-se a mais de 40 universidades, de costa a costa. A entrada da polícia nos campus universitários para reprimir o movimento já provocou centenas de detenções.
Estudantes da Universidade Emory, da Universidade Northwestern, da Universidade Cornell, da Universidade George Washington, da Universidade Princeton e do City College de Nova Iorque, entre outras, montaram acampamentos, juntando-se à iniciativa da Universidade de Columbia, onde surgiu o primeiro acampamento, em meados de Abril.
Soube-se que a candidata às eleições presidenciais deste ano nos EUA, Jill Stein, do Partido Verde, foi presa no decorrer de uma manifestação de apoio à Palestina que teve lugar na Universidade de Washington. Segundo a sua equipa de campanha, a candidata foi detida no dia 27 de Abril, no campus dessa universidade, onde foram presas pelo menos 80 pessoas.
A vaga de protestos em universidades norte-americanas estende-se cada vez mais e foi noticiado que a polícia da Universidade Estatal de Arizona prendeu 72 pessoas, incluindo 15 estudantes, por «invasão de propriedade privada depois de ter sido instalado um acampamento não autorizado», segundo um comunicado da instituição.
Na Universidade Northeastern, em Boston, uma centena de estudantes, professores e trabalhadores foram detidos e acusados de terem instalado «um acampamento não autorizado». Vídeos colocados pelos estudantes nas redes sociais mostraram agentes da polícia com equipamento antidistúrbios, enquanto os jovens garantiam que ali não havia qualquer distúrbio e entoavam em coro consignas como «Palestina livre, livre» ou «Não pararemos, não descansaremos».
A Universidade Cal Poly Humboldt, no norte da Califórnia, anunciou que encerra até ao final do semestre e começa a funcionar com aulas virtuais, uma vez que os manifestantes permanecem no interior dos edifícios do campus.
Por sua parte, estudantes da Universidade de Columbia, o epicentro do movimento de acampamentos estudantis, apresentaram uma denúncia por violação de direitos civis. A queixa judicial foi feita após mais de uma centena de detenções efectuadas pela polícia de Nova Iorque e de ameaças de intervenção da Guarda Nacional nesse centro universitário.
Apesar da repressão policial, os estudantes dizem que continuarão os protestos. Em declarações à imprensa, um estudante da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirmou: «Não creio que as preocupações sobre a nossa segurança pessoal sejam, neste momento, o mais importante para nós. Creio que o que mais nos preocupa agora é a violência que os palestinianos estão a sofrer diariamente às mãos do Estado de Israel durante estes últimos seis meses e, de facto, desde há quase 80 anos».