Greve no SUCH reforçou exigência de melhores salários
Por aumentos salariais justos e dignos e por melhores condições de trabalho, fizeram greve, anteontem, dia 22, a nível nacional, os trabalhadores do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH).
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Houve «grande adesão» à greve, com particular ênfase no Norte e no Centro, como adiantaram os sindicatos da Hotelaria da FESAHT/CGTP-IN, que promoveram concentrações, de manhã, junto de alguns hospitais, trazendo para a rua os motivos da luta, como sucedeu no Porto (Hospital de São João), em Coimbra (HUC) e em Viseu (Hospital de São Teotónio).
A administração do SUCH (entidade empresarial de capitais públicos) deu por terminadas as negociações para revisão do Acordo de Empresa e aplicou, em Março, uma actualização salarial «manifestamente insuficiente, face ao aumento dos preços de bens essenciais, das rendas de casa e das prestações bancárias de habitação», como se refere numa moção aprovada durante a concentração, no Porto.
Em Coimbra, um dirigente sindical explicou à agência Lusa que a administração levou para a negociação propostas que significariam «retirada de direitos, desregular completamente os horários de trabalho, fazer horários de trabalho com jornadas diárias de 12 horas, concentração de horário, banco de horas», o que os sindicatos recusaram. António Baião acusou o SUCH de não responder aos problemas colocados relativamente às condições de trabalho e de querer uma gestão «semelhante à feita em empresas do sector privado».
Na moção assinala-se que as propostas patronais para desregulação dos horários foram apresentadas pela primeira vez.
«O SUCH pertence aos hospitais públicos, onde vigora o regime de 35 horas semanais, mas recusa este regime e outros benefícios» aos seus trabalhadores, protesta-se no documento. António Baião falou ainda no facto de o SUCH estar com um quadro de pessoal reduzido e impor ritmos de trabalho elevados, a par de falta de condições nos locais de trabalho, como cozinhas e lavandarias.
Isto ocorre numa empresa onde os salários são «muito baixos, mais de 90 por cento dos trabalhadores recebem praticamente o salário mínimo nacional», assim se justificando que a exigência de «aumentos salariais dignos» surja como primeiro dos dez pontos reivindicativos inscritos na moção.
Os trabalhadores do SUCH exigem também: subsídio de risco para todos, uma atribuição justa do subsídio de refeição, redução do horário de trabalho para 35 horas semanais, férias anuais de 25 dias úteis para todos, um regime de diuturnidades que valorize a antiguidade, valorização do trabalho ao fim-de-semana.
A solidariedade e apoio do PCP à luta dos trabalhadores do SUCH foi reafirmada em breves saudações, durante as concentrações. No Porto, esteve Alfredo Maia, deputado, e em Viseu compareceu Filipe Costa, do Comité Central do Partido.
Nos hotéis pelo CCT
O Sindicato da Hotelaria da Sul prossegue hoje, em frente do Hotel Turim Sintra Palace, a série de protestos junto a estabelecimentos de empresas dirigentes da AHP (Associação da Hotelaria de Portugal), em defesa do contrato colectivo de trabalho e pela negociação da proposta de revisão apresentada em Dezembro.
A AHP, ultrapassando o prazo legal de 30 dias, chegou a comunicar que apresentaria uma contraproposta até ao fim de Março, mas não o fez. O sindicato da FESAHT/CGTP-IN recordou, numa nota de dia 17, que a associação patronal e as empresas nela filiadas têm bloqueado qualquer entendimento e um acordo salarial desde 2008.
No total, serão realizadas concentrações junto a 16 hotéis. A primeira, como noticiámos, ocorreu no dia 16, frente ao Four Seasons Hotel Ritz Lisboa. A próxima será no dia 29, frente ao Heritage, no número 28 da Avenida da Liberdade.