UE ignora dificuldades das famílias e só tem olhos para os poderosos
O PCP acusa a União Europeia de «ignorar os problemas sentidos por milhões de pessoas», não obstante o agravamento, nos países que a compõem, das condições de vida, da pobreza e a exclusão social.
As disparidades entre países não cessam de aumentar na União Europeia
Esta opção de agravar as dificuldades da maioria da população, e em particular das camadas sociais mais desfavorecidas, está bem patente na manutenção de elevadas taxas de juro, com o que isso significa para a vida das famílias portuguesas e das micro, pequenas e médias empresas nacionais, lembrou a líder parlamentar do PCP no debate preparatório do Conselho Europeu realizado dia 12 na Assembleia da República.
Para o PCP, esta situação é indissociável da perda de parcelas da soberania, designadamente económica e monetária, bem como da «concentração de poder em instituições que tomam decisões sempre em benefício dos grandes interesses económicos e financeiros». No caso em apreço a banca, que «continua a ganhar rios de dinheiro à conta dos sacrifícios das famílias e das empresas», sublinhou Paula Santos.
Pronunciando-se sobre o «novo acordo de competitividade», a deputada comunista considerou estarmos perante um caminho que visa «aumentar, em vez de diminuir, as disparidades e desigualdades existentes entre países da União Europeia». Por outras palavras, «é a tese dos designados “campeões europeus” que vinga, mais uma vez, num campeonato das grandes potências, aquelas que mais têm beneficiado do mercado único e das políticas em que países como Portugal entram sempre a perder».
Hipocrisia da UE
A presidente do grupo parlamentar do Partido não perdeu a oportunidade para expressar ao primeiro-ministro o seu repúdio pelo que considerou ser a «conivência da UE com as atrocidades cometidas por Israel contra o povo palestiniano». Classificando tal comportamento de «inaceitável», recordou que há ocasiões em que «é lesta em proclamações e condenações de violações do direito internacional, dos direitos humanos e da democracia, noutras ocasiões só silêncios e cumplicidades, o que revela o cinismo e a hipocrisia da UE».
Reafirmou por isso a necessidade de ampliar a exigência, «sem meios termos», de «um cessar-fogo imediato e permanente», a par da entrega da ajuda humanitária à população em Gaza e do reconhecimento e criação do Estado da Palestina, nas fronteiras anteriores a 1967 com a capital em Jerusalém Oriental, conforme determinado pelas Resoluções das Nações Unidas».
Paula Santos não esqueceu também os 50 anos da ocupação do Chipre pela Turquia, realçando, a este propósito, que importa pôr termo a essa situação e exigir o «fim da ocupação, divisão e colonização de uma parte do território de Chipre» e «negociações sérias, que permitam encontrar uma solução que passe pela restauração da unidade, integridade territorial, soberania e independência da República de Chipre e a sua transformação numa federação bicomunal e bizonal, com igualdade, de acordo com as Resoluções da Nações Unidas».