Sobre o Conselho Europeu
Decorre, por estes dias, uma nova reunião do Conselho Europeu. Nesta reunião, espera-se que os chefes de Estado e Governo dos Estados-Membros debatam, entre outros, os conflitos no Leste Europeu e no Médio Oriente ou matérias relativas à segurança e defesa.
O que esperar das conclusões deste Conselho Europeu?
Certamente poucas surpresas. Sabemos de antemão quais as opções que vão tomar e, também, aquilo que se recusarão a decidir.
Esperar-se-á a insistência na política de confrontação, no acirrar de tensões, em destinar mais e mais dinheiro para a guerra e para o complexo industrial militar das grandes potências. É esse o caminho que tem vindo a ser concretizado através de vários instrumentos como a «Acção de Apoio à Produção de Munições», o «Mecanismo Europeu de Apoio à Paz», o «Fundo Europeu de Defesa», o mais recente anúncio de colocar o Banco Europeu de Investimento, outrora apresentado como o Banco que teria como objectivos melhorar o crescimento e o emprego, a financiar a indústria da guerra e do armamento. Ou mesmo o recentemente aprovado «Mecanismo para Ucrânia» ou a «Estratégia Industrial de Defesa Europeia». Milhares de milhões de euros para a promoção da guerra, com os prejuízos para os trabalhadores e os povos que já hoje se conhecem.
Sobre a situação no Médio Oriente, depois da vergonhosa ausência de qualquer referência à dramática situação na Palestina em consequência da brutal agressão de Israel nas conclusões de reuniões anteriores, pouco mais se poderá esperar. Aliás, disso será premonitório o recente discurso da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na sessão plenária do Parlamento Europeu que decorreu na semana passada em Estrasburgo. Onde, apesar das lágrimas de crocodilo, de reconhecer a dramática situação na Faixa de Gaza, com mais de trinta mil mortos, milhares de feridos, da privação a mais de dois milhões de pessoas do acesso a alimentos, água e bens essenciais, a Presidente da Comissão Europeia insistiu em não referir o responsável, o agressor, se recusou a condenar Israel por esta barbárie. Se furtou, mais uma vez, a exigir aquilo que milhões de pessoas exigem em todo o Mundo: um cessar-fogo imediato e permanente!
Uma opção reveladora do cinismo e da hipocrisia de quem, noutras ocasiões, é prolixo em proclamações e condenações sobre violações do direito internacional e dos direitos humanos. Uma posição cúmplice com os hediondos crimes e atrocidades cometidos por Israel contra o povo palestiniano.
Ao mesmo tempo, sabemo-lo, não resultarão deste Conselho Europeu, como não resultaram dos anteriores, respostas concretas aos problemas com que os povos se confrontam – do aumento do custo de vida aos baixos salários, passando pelo sufoco causado pelas altas taxas de juro, entre outros.