Agricultores e trabalhadores contestam políticas da União Europeia
Em países que integram a União Europeia (UE), entre os quais a França, a Bélgica e a Alemanha, trabalhadores de diferentes sectores lutam por melhores condições de vida e trabalho. A par dos agricultores, fizeram greves professores franceses e trabalhadores aeroportuários alemães.
Protestos e greves de agricultores, professores e aeroportuários em França, Bélgica e Alemanha
Dirigentes de federações de agricultores pediram aos seus membros, no dia 1, que suspendam os bloqueios de autoestradas, depois de o Governo francês ter anunciado medidas que iam ao encontro de reinvidicações dos agricultores. No entanto, advertiram que podem retomar a pressão nas ruas se não virem resultados concretos com as medidas governamentais.
Os agricultores exigem a adopção de uma lei sobre o futuro da agricultura, após terem denunciado os baixos salários no sector, a desigualdade de rendimentos, a concorrência desleal, a burocracia e as severas normas ambientais impostas pela União Europeia.
Também na Bélgica agricultores bloquearam, no dia 2, postos fronteiriços com os Países Baixos para impedir a circulação de camiões. O bloqueio provocou no outro lado da fronteira o congestionamento das autoestradas neerlandesas que conduzem até à cidade belga de Antuérpia.
Uma delegação da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) participou em diversas iniciativas de debate e protesto na capital belga, reclamando medidas que garantam a melhoria substancial dos rendimentos dos agricultores (ver páginas 4 e 5). A deputada do PCP Sandra Pereira e o primeiro candidato às eleições de 9 de Junho, para o Parlamento Europeu, João Oliveira, solidarizaram-se com a luta dos agricultores.
Nos últimas dias, em países que integram a UE, aumentaram os protestos dos agricultores, que exigem mudanças na política agrícola, maiores apoios à produção, preços justos ao produtor, o levantamento de numerosas restrições e o cessar da importação descontrolada de produtos agrícolas a baixo preço, entre outras reinvindicações.
Sindicatos e outras entidades consideram que a actividade dos agricultores deixou na prática de ser rentável devido às políticas impostas pela UE. Acresce que a Comissão Europeia recomendou, em finais de Janeiro, prorrogar a livre importação de mercadorias provenientes da Ucrânia até Junho de 2025, medida que gerou mal-estar entre os produtores agrícolas europeus.
Professores em França, aeroportuários na Alemanha
Docentes franceses fizeram greve no dia 1 denunciando que «a escola está em crise desde há anos», com a deterioração das condições de trabalho para o pessoal docente e da aprendizagem dos alunos.
Na Alemanha, os sindicatos exigem às companhias aéreas melhores salários e condições laborais. Fevereiro começou com uma paralisação de 24 horas do pessoal de segurança, provocando o cancelamento ou atraso de cerca de 1100 voos e afectando 200 mil passageiros. Convocada pelo sindicato Verdi, a greve fez-se sentir em 11 grandes aeroportos alemães, incluindo os de Berlim, Frankfurt, Hamburgo e Bremen. Também o sindicato UFO, de tripulantes de cabina, rompeu as negociações salariais com a companhia Lufthansa e ameaça avançar para a greve.