Franceses protestam contra lei de imigração

Em França, muitos milhares de pessoas protestaram nas ruas contra uma nova lei de imigração, negociada pelo governo e sectores da direita, que os manifestantes consideram um retrocesso na salvaguarda dos direitos e garantias dos trabalhadores imigrantes.

Governo francês aprova lei que retira apoios aos imigrantes

Dezenas de milhares de franceses manifestaram-se no domingo, 21, em Paris e noutras cidades para exigir ao governo que retire a lei de imigração, que consideram um retrocesso na salvaguarda dos direitos e garantias dos trabalhadores imigrantes. «A lei da vergonha», «Não em nosso nome» e «Todos temos os mesmos direitos humanos» foram algumas das frases em faixas e cartazes empunhados pelos manifestantes na Praça de Trocadero, em Paris, de onde arrancou uma das mais de 160 mobilizações registadas no país.

Pelo segundo domingo consecutivo, muitas pessoas responderam às convocatórias de sindicatos e organizações sociais, com apoio de forças políticas de esquerda. A reforçar a mobilização juntou-se um apelo de 200 personalidades da vida sindical e associativa à participação nos protestos.

Os manifestantes exigiram a renúncia do ministro do Interior francês e clamaram pela aplicação de valores progressistas como a igualdade, a fraternidade, a solidariedade e a justiça social.

Nos desfiles e concentrações abundaram as exigências de regularização da situação de centenas de milhares de trabalhadores estrangeiros sem documentos, o que agora é limitado pela iniciativa que o governo e as forças de direita negociaram numa comissão mista no parlamento.

Além de Paris, realizaram-se manifestações em Marselha, Lyon, Bordéus, Toulouse, Lille, Nantes, Estrasburgo, Metz, Caen e outras cidades.

As manifestações decorreram poucos dias antes de o Conselho Constitucional emitir, nesta quinta-feira, 25, o seu veredicto sobre a constitucionalidade ou não da lei de imigração, sendo esse o último passo que falta para a promulgação da norma pelo presidente Emmanuel Macron, que continua a impor medidas reaccionárias.

Esta lei polémica, repudiada pela esquerda, é considerada pela extrema-direita uma «vitória ideológica», contendo normas como a imposição aos estudantes estrangeiros de um depósito de garantia para poderem ser aceites em universidades francesas.

Também restringe o reagrupamento familiar, limita o apoio a quem reside ainda à espera de ter a sua situação regularizada, por exemplo em matéria de alojamento, e abre caminho à diminuição da ajuda médica do Estado a pessoas ainda sem a sua situação regularizada, benefício que, aliás, a direita pretende eliminar.




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