Fim à agressão e ao massacre, solidariedade com o povo palestiniano

Prosseguem os indiscriminados e criminosos bombardeamentos israelitas contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, iniciados há mais de duas semanas. De acordo com as Nações Unidas, os ataques israelitas têm sido «devastadores» e provocaram um «assombroso» número de vítimas. Há mais de cinco mil mortos e de 18 mil feridos, a esmagadora maioria dos quais crianças, mulheres e idosos. As iniciativas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU com vista a um cessar-fogo foram boicotadas pelos EUA e seus aliados.

Número de vítimas palestinianas na Faixa de Gaza ascende a mais de cinco mil mortos e mais de 18 mil feridos

Lusa

Perante o boicote no Conselho de Segurança da ONU para se conseguir um cessar-fogo na Faixa de Gaza – os EUA impossibilitaram a aprovação de propostas nesse sentido da iniciativa da Rússia e do Brasil –, prossegue a brutal agressão de Israel, potência ocupante, contra a população palestiniana, nos territórios palestinianos ocupados.

Os EUA e os seus aliados – entre os quais, Reino Unido, Alemanha, França, Itália ou a União Europeia – apoiam política e militarmente o governo de extrema-direita israelita e a sua violenta escalada na política de ocupação e opressão contra o povo palestiniano.

Neste contexto, o presidente do Conselho Nacional Palestiniano, Rawhi Fattouh, acusou Israel de cometer «crimes contra a humanidade na sua contínua agressão à Faixa de Gaza». O dirigente do parlamento palestiniano afirmou, na terça-feira, 24, em Ramala, que «Gaza converteu-se num cemitério a céu aberto devido à limpeza étnica a que ali o povo está submetido», denunciando o bloqueio ao acesso a água, alimentos, medicamentos e energia imposto por Israel à população palestiniana.

Perante essa situação, apelou a uma urgente acção visando deter a agressão e aliviar a gravíssima crise humanitária na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Pediu a abertura urgente de corredores humanitários para transferir produtos de primeira necessidade e alertou para a propagação de doenças em consequência de centenas de cadáveres soterrados sob os escombros dos edifícios destruídos pelos bombardeamentos israelitas e que ainda não foram recuperados e sepultados.

Também o Ministério dos Assuntos Exteriores e Expatriados palestiniano acusou Israel de utilizar o pretexto do «direito à defesa» para matar a população palestiniana nos territórios ocupados. Denunciou o assassinato de milhares de crianças, mulheres e idosos e a destruição naquele território, onde estão a ser atacados edifícios habitacionais, hospitais, escolas, locais religiosos, sedes de meios de comunicação. Destacou que «Israel converteu Gaza numa terra arrasada em que a vida é impossível, tudo isso com o fim de privar os cidadãos dos seus direitos e necessidades humanas mais básicas, numa tentativa de os expulsar dali».

Além disso, alertou para a escalada de violência das forças israelitas e dos colonos na Cisjordânia, incluindo com dezenas de assassinatos e centenas de detenções de palestinianos – 900 presos em duas semanas. O governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu «deu rédea solta aos colonos para que executem ataques contra cidadãos palestinianos, suas casas, locais de trabalho e viaturas», convertida pelo exército israelita e pelos colonos «em instruções explícitas para disparar contra qualquer cidadão com o objectivo de o matar».

 

Lusa

Catastrófica situação
humanitária na Faixa de Gaza

Os bombardeamentos israelitas a 400 objectivos civis em Gaza, apenas no dia 23, elevaram para mais de 5300 o número de mortos, após o novo salto na escalada do conflito a 7 de Outubro.

No 18.º dia da agressão israelita, o Ministério da Saúde na Faixa de Gaza informou que os ataques aéreos causaram já cerca de 18 mil feridos. Toda a Faixa está sob cerco militar, o que impede a chegada de ajuda, a qual só foi recebida em três ocasiões, quando as forças ocupantes autorizaram a entrada de alguns camiões com auxílio humanitário, através do posto fronteiriço com o Egipto de Rafah, em número muito insuficiente.

As Nações Unidas consideram ser necessário que entrem 100 camiões por dia – sobretudo com água, alimentos, medicamentos e combustível – para aliviar a situação da população na Faixa de Gaza. Pelo menos um milhão e 400 mil palestinianos encontram-se deslocados no interior da Faixa, sendo a situação humanitária na zona catastrófica.

O Hamas libertou, entretanto, no dia 23, duas anciãs israelitas e, antes disso, no dia 20, outras duas mulheres, de nacionalidade norte-americana, em ambos os casos «por razões humanitárias» e graças à mediação do Qatar e do Egipto.

 

Afirmações do Secretário-Geral da ONU Israel exige demissão

Numa intervenção perante o Conselho de Segurança da ONU, dia 24, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres – reafirmando a condenação inequívoca dos actos perpetrados a 7 de Outubro pelo Hamas em Israel, que considera não puderem ser justificáveis –, reconheceu que estes não «aconteceram no vácuo». O povo palestiniano, lembrou, «foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante» e viu «as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência», a sua economia «sufocada», as suas pessoas serem «deslocadas e as suas casas demolidas», vendo desaparecer «as suas esperanças de uma solução política para a sua situação».

Entre outros aspectos, exigiu que «todas as partes cumpram e respeitem as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional», respeitem e protejam os hospitais e respeitem a inviolabilidade das instalações da ONU, «que hoje abrigam mais de 600 mil palestinianos». Referiu ainda que «o bombardeamento implacável de Gaza pelas forças israelitas, o nível de vítimas civis e a destruição em massa de bairros continuam a aumentar e são profundamente alarmantes» e que «proteger os civis não significa ordenar que mais de um milhão de pessoas evacuem para o sul, onde não há abrigo, nem comida, nem água, nem medicamentos, nem combustível, e depois continuar a bombardear o próprio sul».

Afirmando-se «profundamente preocupado com as claras violações do direito humanitário internacional que estamos a testemunhar em Gaza», o Secretário-Geral da ONU sublinhou que «sem combustível, a ajuda não pode ser prestada, os hospitais não terão energia e a água potável não pode ser purificada ou mesmo bombeada» e que «essa ajuda deve ser prestada sem restrições». Reiterou o apelo «a um cessar-fogo humanitário imediato» de forma a «aliviar o sofrimento épico, tornar a entrega de ajuda mais fácil e segura e facilitar a libertação de reféns».

Guterres afirmou ainda que «não podemos perder de vista o único fundamento realista para uma verdadeira paz e estabilidade: uma solução de dois Estados».

Perante as afirmações do Secretário-Geral das ONU, assumidas após 15 dias de indiscriminados bombardeamentos israelitas, que provocaram milhares de mortos entre a população, incluindo funcionários das Nações Unidas e jornalistas, as autoridades israelitas (que impunemente ocupam de forma ilegal territórios da Palestina e oprimem o povo palestiniano há décadas), até relativamente a este se insurgiram, exigindo a sua demissão.

 

Deputado israelita
suspenso por defender a paz

O deputado israelita Ofer Cassid denunciou as ameaças do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, de deportar os israelitas críticos da agressão militar contra a população da Faixa de Gaza.

«O ministro racista e fracassado (…) permite-se com toda a insolência pedir a deportação dos opositores da guerra em Gaza», criticou o deputado, membro do Partido Comunista de Israel e eleito no parlamento pela coligação progressista Hadash.

Antes, Cassid criticou publicamente a decisão do Comité de Ética do parlamento israelita de o suspender por 45 dias, depois de uma entrevista em que acusou o governo de Netanyahu de ambicionar a actual guerra. Nessa entrevista, afirmou também que Israel bombardeia a Faixa de Gaza para «implementar um plano fascista» do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que tal como Ben Gvir é conhecido pelas suas posições xenófobas anti-árabes e de extrema-direita.

A decisão do Comité de Ética «é outro prego no caixão da liberdade de expressão política neste país», considerou o deputado comunista. «Em cada entrevista que dei enfatizei a minha total condenação e o profundo desgosto pelas acções do Hamas, mas as minhas declarações políticas contra a ocupação [da Palestina] e a guerra não são declarações contra Israel», realçou.


Por todo o mundo faz-se ouvir a solidariedade

Por todo o mundo, milhares de pessoas têm saído às ruas manifestando solidariedade com o povo palestiniano, exigindo o fim dos bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza. Os manifestantes pedem o imediato cessar-fogo, a entrada de ajuda humanitária na Faixa e negociações para uma solução política do conflito, no respeito dos direitos do povo palestiniano.

Realizam-se grandes manifestações de solidariedade com o povo palestiniano em países árabes (entre os quais, na Jordânia, Síria, Turquia, Iraque, Marrocos, Egipto, Tunísia, Qatar, Iémen, Paquistão, Indonésia, Líbano), na África do Sul, na Austrália, em Cuba, nos EUA, na Índia, na Malásia, na Nova Zelândia, na Tailândia. Registaram-se também grandes manifestações em França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica e noutros países na Europa, como Portugal (ver página 15).

Como noutras manifestações, em Londres, no sábado, 21, participaram centenas de milhares de pessoas. Em Washington, a manifestação realizou-se junto ao Capitólio, onde, no dia 18, muitas dezenas de milhares de activistas convocados pela organização progressista Jewish Voice for Peace (Vozes Judaicas pela Paz) pediram o «fim do massacre em Gaza» e instaram o governo dos EUA a impulsionar um cessar-fogo.


- Solidariedade com a Palestina cresce e continua em Portugal






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