Cimeira do G-77 e China em Cuba reafirma reivindicações dos países do Sul

Os países do Grupo dos 77 (G77) e China – que reúnem hoje cerca de 135 países em desenvolvimento – protagonizaram em Havana uma cimeira histórica, de onde saiu uma mensagem de unidade dirigida aos que no mundo de hoje pretendem continuar a impor «regras» para, assim, prosseguirem com a imposição do seu domínio mundial.

«Cabe agora ao Sul mudar as regras do jogo», foi uma das frases marcantes do presidente Miguel Díaz-Canel, de Cuba, que na qualidade de anfitrião acolheu uma centena de chefes de Estado e de governo e outros altos dirigentes, reunidos, nos dias 15 e 16, no Palácio das Convenções da capital cubana.

Na cimeira, os países do G77 e China coincidiram na premente necessidade de conseguir uma arquitectura financeira mundial inclusiva, segundo relato da Prensa Latina.

Em vésperas do arranque do segmento de alto nível da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, múltiplos olhares, culturas e vozes – da Ásia, África e América Latina e Caraíbas –, a partir de Havana, reconheceram que os países do denominado Sul Global têm muitos desafios pela frente mas que, juntos, podem cooperar em temas chaves como os debatidos nesta cimeira: o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação.

O documento final, a Declaração de Havana, traçou as linhas de trabalho para avançar, até à próxima Cimeira, que terá lugar no próximo ano em Kampala, no Uganda, durante a qual os membros deste mecanismo, formado por 135 países, ratificarão a vontade de reforçar o seu papel no contexto internacional.

Em Havana, tornada capital das vozes do Sul, o G77 e China reforçou a necessidade de criar estratégias de coordenação para lutar contra as formas imperialistas de dominação. Deixou claro a sua rejeição da imposição de medidas coercivas, incluindo com impacto extraterritorial, tendo exigido que sejam eliminadas de imediato.

No documento de 47 pontos, o grupo considerou que tais acções punitivas não só minam os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e o direito internacional como constituem um sério obstáculo para a plena realização do progresso económico e social, incluindo para o avanço da ciência, da tecnologia e da inovação, em particular nos países em desenvolvimento.

Muitos dos Estados caribenhos defenderam uma maior colaboração e um financiamento que permitam avanços aos seus países, atingidos por desastres naturais. As intervenções de diversos presidentes latino-americanos apontaram caminhos a seguir apostando numa América Latina a trabalhar em conjunto. Os países da África apostaram por uma verdadeira reforma das relações internacionais para acomodar as oportunidades em benefício do denominado Sul Global, face à disparidade histórica no acesso ao conhecimento científico e tecnológico. As vozes da Ásia também se ouviram, entre elas a da China, que pugnou por colocar o desenvolvimento no centro da agenda internacional e dar maior representatividade aos países do Sul.

Cuba, que acolheu a cimeira, também recebeu grande apoio. Muitos países expressaram a sua condenação do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA desde há mais de 60 anos e elogiaram o exemplo de Cuba no desenvolvimento científico, apesar desse criminoso cerco unilateral.




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