República da Guiné-Bissau celebra 50 anos de existência

A 24 de Setembro de 1973, nasceu a República da Guiné-Bissau, proclamada ainda durante a luta armada de libertação contra o colonialismo português. O PCP saudou na altura a histórica decisão do povo guineense com dimensões e alcance internacionais.

Nascida em plena luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português, a República da Guiné-Bissau festeja 50 anos de existência no próximo domingo, 24.

Foi a 24 de Setembro de 1973, na região libertada do Boé, no leste da Guiné, que a Assembleia Nacional Popular – o parlamento guineense, cujos deputados tinham sido eleitos anteriormente – proclamou o primeiro Estado e a independência do país.

Como previu Amílcar Cabral, dirigente da luta independentista encabeçada pelo PAIGC, «da situação de colónia que dispõe de um movimento de libertação e cujo povo já libertou em 10 anos de luta armada a maior parte do seu território nacional», a Guiné-Bissau passou «à situação de um país que dispõe do seu Estado e que tem uma parte do seu território nacional ocupado por forças armadas estrangeiras».

Na altura, o Partido Comunista Português, na clandestinidade, saudou a decisão do povo guineense, com «dimensões e alcance internacionais». O Avante!, na sua edição de Outubro de 1973, destacava na primeira página que «a proclamação da independência não é, como os fascistas portugueses propagandearam alguns dias depois, um acto formal e gratuito. Foi uma decisão maduramente preparada e baseada nos êxitos militares e políticos do PAIGC».

Informava o jornal que a Assembleia Nacional Popular guineense aprovara «a constituição do novo Estado e os seus órgãos de soberania» e que elegera Luís Cabral para presidente do Conselho de Estado e Francisco Mendes para liderar o Conselho dos Comissários de Estado (governo), «militantes destacados do PAIGC na frente de combate e na organização política e militar».

Na mesma edição, o Avante! publicava uma mensagem do PCP, subscrita por Álvaro Cunhal em nome do Comité Central do Partido, e enviada a Aristides Pereira, Secretário-Geral do PAIGC, e aos dirigentes eleitos à frente dos novos órgãos estatais.

«Por motivo da proclamação da República da Guiné-Bissau, enviamo-vos as mais calorosas felicitações do Partido Comunista Português. Estamos certos de traduzir os sentimentos dos trabalhadores e das forças progressistas de Portugal, saudando este acto histórico que constitui um novo e importante passo no caminho da libertação completa do vosso povo da exploração e do domínio capitalista», afirmava a mensagem.

Álvaro Cunhal escrevia mais, antecipando o futuro: «Nenhuns interesses ou objectivos separam e muito menos opõem o povo português e o povo da Guiné-Bissau. As lutas dos dois povos são solidárias e dirigem-se contra os mesmos inimigos. Estamos certos de que os laços de amizade hoje existentes entre os nossos dois Partidos, os sentimentos de fraternidade existentes entre os nossos dois povos, se traduzirão um dia, quando o colonialismo português for finalmente derrotado e quando Portugal for libertado do fascismo e da submissão ao imperialismo, numa cooperação fraternal entre os nossos dois países livres e iguais».

E finalizava a mensagem do PCP: «Hoje, como sempre, podeis contar com a nossa activa solidariedade. Estais certos de que não pouparemos esforços nem sacrifícios para desenvolver em Portugal a luta contra a criminosa guerra colonial, pelo reconhecimento da independência da vossa Pátria».




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