Comunistas chilenos despediram-se do histórico dirigente Guillermo Teillier

Com um acto de massas de homenagem, terminaram no dia 31 de Agosto, em Santiago, as cerimónias fúnebres de Guillermo Teillier, presidente do Partido Comunista do Chile (PCC). O líder histórico chileno, de 79 anos, faleceu dois dias antes.

A manifestação pública de pesar teve lugar na Praça da Paz, na capital, e contou com a presença do presidente da República, Gabriel Boric, de dirigentes políticos, sociais e sindicais e de milhares de militantes comunistas e outros democratas.

Nesse período, decorreram actos de homenagem na antiga sede do Congresso Nacional, de onde partiu o cortejo fúnebre, que percorreu diversas avenidas da cidade.

O Secretário-Geral do PCC, Lautaro Carmona, afirmou que o líder histórico desaparecido foi um homem exemplar e deixou um legado a todo o povo. Leu mensagens de condolências chegadas de vários lugares do mundo e informou que o Comité Central do PCC decidiu atribuir a Guillermo Teillier, a título póstumo, a Ordem Luis Emilio Recabarren, o máximo reconhecimento do mérito militante previsto nos estatutos do partido.

Militante do PCC, depois de ter sido líder das Juventudes Comunistas do Chile, Guillermo Teillier passou à clandestinidade após o golpe de Estado de 11 de Setembro de 1973 – faz agora meio século –, contra o governo da Unidade Popular e o seu presidente, Salvador Allende.

Capturado em Junho de 1974, foi durante meses submetido a torturas pelos esbirros fascistas de Pinochet. Permaneceu um ano e meio internado em campos de concentração criados pela ditadura, até à sua libertação, em 1976. Nessa altura, foi-lhe proposto sair do Chile mas optou por continuar no país, para reconstituir a direcção do PCC, na clandestinidade e objecto de perseguição permanente pelo regime fascista entre 1973 e 1990. Fez parte da equipa encabeçada por Gladys Marin e coordenou a resistência armada contra a ditadura através da Frente Patriótica Manuel Rodriguez, tendo também viajado por diversos países da região e da Europa para obter solidariedade internacional com o país. Com a morte de Gladys Marín, assumiu em 2005 o cargo de presidente do PCC.

Nas homenagens ao líder comunista, o filho, Pablo Teillier, destacou o exemplo de dignidade, disciplina e enorme generosidade deixado pelo pai às novas gerações do PCC. Disse que, para a família, «foi difícil viver os anos de ditadura sem ele ao lado, mas estava a fazer o que todo o homem ou mulher desse tempo devia fazer, combater a tirania, e por isso estamos orgulhosos da sua trajectória». E mais: «Quando alguém diz que o meu pai era pragmático, equivoca-se, pois para as decisões que tomou não basta o pragmatismo, requer-se um imenso coração combativo, uma imensa dignidade e uma grande coragem e amor pela pátria».

Condolências do PCP aos comunistas chilenos
O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português enviou a seguinte mensagem de condolências ao Comité Central do PCC pelo falecimento de Guillermo Teillier, seu presidente:

«Perante o falecimento do camarada Guillermo Teillier, presidente do vosso Partido, transmitimos-vos as nossas sentidas condolências e os sentimentos de fraternal amizade e solidariedade dos comunistas portugueses para com os seus camaradas chilenos. Prestamos sentida homenagem à memória deste histórico construtor do heróico Partido Comunista do Chile, ao seu rico percurso de infatigável combatente comunista que dedicou toda a sua vida à causa libertadora da classe operária e do povo chileno.

Com os melhores votos de sucesso à luta do PCC, enviamos-vos, queridos camaradas, as nossas fraternais saudações.»

 



Mais artigos de: Internacional

Vaga de greves nos EUA como há muito não se via

Os EUA vivem hoje uma onda de greves, de costa a costa, por remunerações justas aos trabalhadores. Realidade que contraria afirmações recentes do presidente Joe Biden, que se referiu, em Filadélfia, a «empregos bem remunerados».