A mão firme do jovem trabalhador que produz a riqueza é a mesma que treme quando limpa a testa suada porque não sabe como irá pagar o exorbitante valor da renda com o seu salário mínimo, que nem para os mínimos da sobrevivência serve.

Mãos que também tremem quando o futuro fica condicionado por um exame nacional de duas horas. Numa turma com mais 30 colegas, com um professor que só foi colocado em Dezembro, e se já é difícil para os pais assegurar que chegam ao fim do mês com as contas da água, electricidade e comida em dia, como conseguirão pagar um explicador?

Na escola, face à ansiedade que isso induz, só há um psicólogo para mais de mil estudantes, mas que nem fala destas coisas. «É vocacional», dizem os colegas. «Ajuda-te a decidir qual é a área que vais seguir, o que é muito importante para teres média para entrar na faculdade.»

Na faculdade, apenas 13% dos estudantes deslocados conseguem uma cama numa residência pública. Valores insuficientes das bolsas, aliados às propinas e às taxas e emolumentos, fazem tremer o mesmo e ditam o fim da permanência de muitos no Ensino Superior, obrigando-os a voltar para casa dos pais e a procurar trabalho.

É com estes jovens, cujas mãos geram a riqueza, com todos os que estudam, com os que desenvolvem a ciência, a técnica, a cultura e o desporto, com os que neste momento não encontram emprego que queremos intensificar a luta contra cada uma destas injustiças!

É com esse objectivo que a Juventude Comunista Portuguesa, no sentido de levar mais longe a afirmação de um caminho alternativo, de esperança, assente na actualidade dos valores e conquistas de Abril, retorna a intervenção após as férias sob o lema «Está na tua mão lutar contra a injustiça!»

Ir mais longe no contacto com a juventude, conhecer cada vez melhor o que pensam, o que sentem, mas que acima de tudo, conseguir que essas mãos que recebem, na escola ou no local de trabalho o nosso documento, sejam também as mãos que escrevem o abaixo-assinado, que participam no fotoprotesto, que desenham, pintam e seguram a faixa na luta à porta da escola, que levantam o megafone e exigem o que é seu por direito.

Alegria de viver e lutar

A juventude não está parada ou apática, como alguns, no plano político e mediático, pretendem fazer crer e acontecer. Nas rádios, televisões, jornais e na boca dos representantes da política de direita, pouco se fale, analise e muito menos se entenda, a luta dos jovens estudantes e trabalhadores do nosso país.

Precisam, para continuar a impor o seu domínio, que não se questione o porquê dessas injustiças. No entretanto, os estudantes do Ensino Secundário concentram-se à porta da escola, recolhem assinaturas, discutem e convocam processos de luta em Reuniões Gerais de Alunos. No ano lectivo passado foram milhares os estudantes que se mobilizaram em defesa da escola pública, gratuita e de qualidade. No Ensino Superior os estudantes exigiram o fim da propina, mais alojamento estudantil público e acção social escolar, culminando num 24 de Março, Dia Nacional do Estudante, celebrado em luta, em nove distritos do País.

A informação de verdade, de que o Avante! é símbolo há mais de 90 anos, foi dos poucos, a reportar sobre os preparativos da Manifestação Nacional da CGTP-IN de 18 de Março ou a grande jornada de luta do 28 Março, Dia Nacional da Juventude, convocada pela Interjovem. Acções preparadas a partir dos locais de trabalho, e antecedidas por dezenas de acções, paralisações e greves, nas quais os jovens trabalhadores tiveram um papel preponderante e que culminaram numa participação massiva de jovens trabalhadores.

O papel dos jovens comunistas, a iniciativa de dar o primeiro passo, de contactar, esclarecer e mobilizar foi, é, e será decisivo para o aprofundamento da luta, do seu êxito, e do seu respaldo no plano dos direitos.

Lutar contra a injustiça requer mais JCP e mais PCP, sinónimo de mais direitos, do aprofundamento da democracia, dos valores e conquistas de Abril, que encontram também na juventude, na sua energia e alegria de viver e lutar um dos seus mais firmes e consequentes defensores.

E isto está tudo na tua mão!