Das fortes greves na EDP e no SUCH ficaram avisos para novas lutas

Os trabalhadores do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, na segunda-feira, e dos centros de contacto e lojas da EDP, durante toda a semana passada, deram força às suas justas reivindicações.

Unidade e luta são determinantes para conseguir avanços

Os trabalhadores do SUCH, nos serviços de alimentação, lavandarias, manutenção, resíduos e administrativos, organizados nos sindicatos da FESAHT/CGTP-IN,fizeram greve a nível nacional, por 24 horas, no dia 21, para reforçarem as exigências que a administração recusou, nomeadamente: aumentos intercalares dos salários e do subsídio de refeição, ainda este ano, melhoria das condições laborais, reforço dos quadros de pessoal, redução do horário de trabalho e respeito dos direitos.

Num balanço, divulgado ao final da manhã, o Sindicato da Hotelaria do Norte estimou que a luta teve a adesão de cerca de 90 por cento dos trabalhadores e referiu alguns exemplos no Porto. As cantinas dos hospitais de São João e Pedro Hispano encerraram, garantindo os serviços mínimos para doentes acamados e médicos e enfermeiros da urgência. Houve ainda«grandes adesões na lavandaria do Hospital Magalhães Lemos, na rouparia e manutenção do Hospital de São João e nos resíduos do Hospital de Santo António».

Durante a greve, teve lugar uma concentração, no exterior do Hospital de São João, onde foi aprovada uma moção, para entregar à administração do SUCH, a quem ia ser solicitada nova reunião de negociações.

Em Coimbra, a adesão à greve rondou os 80 por cento, disse um dirigente sindical à agência Lusa. António Baião, em declarações durante uma concentração de trabalhadores à entrada dos Hospitais da Universidade de Coimbra, de manhã, realçou que os índices de adesão estavam igualmente elevados nos hospitais públicos de outras cidades.

Para aquele dirigente do Sindicato da Hotelaria do Centro e da FESAHT, que referiu ainda os casos do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (onde também teve lugar uma concentração) e da manutenção em Leiria, «esta greve nacional do SUCH está a ser uma das maiores de sempre» e «a participação demonstra a indignação dos trabalhadores pela falta de diálogo social e desrespeito pelos seus direitos».

 

Forte aviso à EDP

«Foi forte o aviso dado às várias administrações» das empresas e, principalmente, daquela «que mais se aproveita da situação, a EDP» – afirma-se na saudação divulgada esta segunda-feira pela FIEQUIMETAL e os seus quatro sindicatos com intervenção nas lojas e nos centros de contacto do grupo.

Enaltecendo a «forma corajosa e determinada» com que foi realizada uma semana de luta, incluindo greve e acções de rua, apela-se a manter «este espírito de unidade» para prosseguir o combate «por melhores salários, estabilidade no emprego e melhores condições de trabalho».

A federação e os sindicatos (SIESI, SITE Norte, SITE Centro-Norte e SITE Centro-Sul e Regiões Autónomas) escreveram à EDP e às empresas prestadoras de serviços, esperando agora «que as administrações se dignem a responder ao nosso desafio de realizar uma reunião conjunta, para encontrar soluções para os problemas», notando que, «no meio de tantos milhões, existe certamente uma fatia para a melhora da vida dos trabalhadores». O Acordo Colectivo de Trabalho do Grupo EDP deve ser aplicado também aos trabalhadores das empresas subcontratadas.

Na semana de luta realizaram-se greves nas lojas (de 14 a 19 de Agosto) e nos centros de contacto (dias 14 e 16), com encerramento ou forte perturbação do funcionamento na quase totalidade das lojas e nos centros de contacto em Lisboa e em Seia. Ocorreram acções de rua, junto de algumas lojas e centros de contacto, e concentrações, dia 16, quarta-feira, de manhã, no Porto, em Seia e em Lisboa.

Em Lisboa, frente à Assembleia da República, Paula Santos reafirmou aos trabalhadores a solidariedade do PCP para com esta luta. A dirigente e deputada comunista sublinhou que se trata de trabalhadores «que cumprem funções permanentes». Citada pela agência Lusa, observou que «o recurso a empresas de trabalho temporário tem contribuído para a fragilização das relações laborais, para o ataque aos direitos dos trabalhadores e também para reduzir os custos do trabalho».

Em Seia, frente ao centro de contacto da EDP, compareceu uma delegação da Direcção da Organização Regional da Guarda do PCP, da qual fezparte Sandra Pereira, deputada no Parlamento Europeu.

 



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