Entrevista a Nenny

«Eu mesma emigrei duas vezes»

Não se deixando deslumbrar pelo sucesso, com «os pés assentes no chão», como sublinha em entrevista ao Avante!, Nenny apresenta-se no palco da Festa com o prazer que sempre tem de cantar «para um público de todas as faixas etária».

«Faço música para todas as gerações»


A carreira de Nenny foi lançada através do sucesso massivo das suas primeiras interpretações no Youtube, em 2019, era muito jovem, com vídeos a alcançarem mais de 12 milhões de visualizações. Pode resumir o seu percurso artístico, até alcançar esse êxito?

 

Eu tinha 16 anos de idade quando lancei os meus vídeos em 2019. Eu fazia covers no meu quarto até que um dia o grupo Wet Bed Gang viu um dos covers e decidiu levar-me ao estúdio. E foi a partir de aí que comecei a gravar.

 

O que é que a profissionalização artística, que, entretanto, abraçou, mudou na sua vida? Como é que se adaptou a essa mudança e que novas exigências ela lhe trouxe?

 

Tudo se tornou mais sério. Passei então a ter de trabalhar mais e a lançar mais músicas para poder ter concertos e conseguir viver disso. Adaptei-me bem porque era aquilo que sempre sonhei fazer.

 

Várias das suas canções parecem ter um registo autobiográfico, são contadas na primeira pessoa. Um dos exemplos mais comoventes é «Dona Maria», que fala do esforço da sua mãe para sustentar os filhos. A dada altura, na letra, diz «Mudamos de país fomos p'ra França / Escravas à mesma, mas língua diferente», numa referência que parece indicar a vossa emigração de Portugal, em 2019, para irem para o Luxemburgo. A história da vossa família é uma história de migrantes explorados? Isso moldou a sua visão no mundo e a forma como escreve canções?

 

Obviamente que acabou por influenciar a forma como via o mundo e o vivenciava porque eu mesma emigrei duas vezes.

A minha família tem um histórico de imigração grande porque a minha avó tem oito filhos e cinco deles emigram para países como Portugal, França, Luxemburgo e Estados Unidos. E os netos, alguns netos, também chegaram a emigrar.

 

Algumas canções parecem também ser uma tentativa para lidar com as mudanças que o próprio êxito e a popularidade lhe trouxeram, bem como com o prestígio alcançado através de prémios e distinções, nacionais e internacionais. Indirectamente parece muitas vezes querer dizer que tenta ser a mesma pessoa que era antes. Tem medo das consequências do êxito?

 

Claro que depois de êxitos temos sempre alguma apreensão sobre a nossa vida, mas eu continuo sempre com os pés assentes no chão, a ser quem sempre fui, por isso, não tenho medo.

 

É natural que venha a ter na Festa do Avante! uma plateia de milhares de pessoas, de várias gerações. Sente que tem alguma coisa a dizer para as pessoas mais velhas ou a sua mensagem musical só faz sentido para as gerações mais jovens?

Eu faço música para todas as gerações e é sempre um prazer enorme cantar para um público de todas as faixas etárias.




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