«Quando estamos unidos nada é impossível»

Carlos Lopes Pereira

A África do Sul vê o grupo BRICS como uma importante associação estratégica através da qual se pode conseguir uma ordem mundial justa, pacífica e mais equitativa, afirmou a ministra da Presidência sul-africana, Khumbudzo Ntshavheni.

Intervindo em Joanesburgo, no início desta semana, numa reunião de assessores de segurança nacional dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), destacou que o seu país crê na necessidade de promover a paz e o desenvolvimento sustentável, assim como o aprofundamento das relações políticas, económicas e sociais. A África do Sul, insistiu, continua inequivocamente comprometida com a diplomacia multilateral, tanto nos princípios como nas acções, em particular através da estreita colaboração com os BRICS.

Ntshavheni advertiu que, hoje, num contexto de realidades geopolíticas globais em mutação, com ataques ao multilateralismo e à integridade dos acordos internacionais, muitos Estados continuam a enfrentar diversos problemas que desafiam a segurança e a soberania nacional. Entre esses desafios, enumerou, encontram-se novas fontes cibernéticas, laços comerciais e de investimento reconfigurados, conflitos de poder e mudanças na dinâmica de alianças. Além disso, alertou, actores estatais e não estatais proeminentes e influentes organizam redes de inteligência encobertas para desestabilizar países que não partilham a sua visão do mundo.

Para a governante sul-africana, o mundo continua a enfrentar ameaças que incluem o terrorismo internacional, a radicalização e o extremismo violento, assim como o tráfego de drogas, a proliferação de armas de destruição massiva e convencionais, a lavagem de dinheiro, a insegurança alimentar e a economia ilícita. Ademais, notou, a natureza global destes problemas de segurança não tem respeito pelas fronteiras, pelo que os países não podem assegurar a sua soberania nacional a menos que trabalhem em conjunto. «Quando estamos unidos, nada é impossível», resumiu.

No encontro de assessores de segurança (que antecede a 15.ª Cimeira dos BRICS, a decorrer de 22 a 24 de Agosto, em Joanesburgo), participou também Wang Yi, alto representante da China, que reafirmou estar o seu país pronto para trabalhar com a África do Sul e os outros parceiros visando fazer o grupo maior e mais forte.

O mecanismo BRICS é a plataforma de cooperação mais importante para os mercados emergentes e os países em desenvolvimento e está em linha com a tendência dos tempos e as aspirações da maioria dos países, disse Wang, acrescentando que esse é o caminho correcto a seguir. A China, prosseguiu, defende o multilateralismo, promove activamente a democracia nas relações internacionais, defende as normas básicas que as regem, salvaguarda os direitos e interesses legítimos dos países em desenvolvimento e promove a paz e estabilidade regionais e mundiais.

De igual modo, esteve presente na reunião, além de responsáveis do Brasil e da Índia, o secretário de Segurança da Rússia, Nikolái Pátrushev, que valorizou a importância dos BRICS no mundo. Opinou que o grupo, ao contrário da NATO, dirigida pelos EUA, pode desempenhar um papel estabilizador nas relações internacionais. E lembrou que há exemplos convincentes do trabalho dos BRICS, com base nos princípios de abertura, igualdade de direitos, respeito mútuo e ausência de uma agenda oculta.



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