Numa intervenção frente ao Teatro Garcia de Resende, em Évora, onde estiveram mais de uma centena de pessoas (a quem foi distribuído o Jornal dos Artistas da Festa do Avante! 2023), Paulo Raimundo começou por saudar a vitória de Évora a Capital Europeia da Cultura, uma candidatura «de enorme qualidade, diferenciadora, original, elaborada a pensar no concelho e na região, nas suas gentes e na cultura que caracteriza o Alentejo».

Salientou, de seguida, o trabalho da Comissão Executiva, da Equipa de Missão e particularmente da Câmara Municipal de Évora na condução do processo. «Uma vitória que não está desligada do trabalho realizado pela CDU ao longo de dezenas de anos, nomeadamente no plano cultural» e«uma intervenção de grande qualidade que já em 1986 contribuiu decisivamente para que a UNESCO classificasse Évora Património Mundial da Humanidade», afirmou o dirigente comunista, lamentando que este «trabalho» nem sempre é «acompanhado ao mesmo nível pelos sucessivos governos, mais empenhados num processo de desvalorização da cultura».

A este respeito, recordou que «por falta de dotação financeira, mais de 100 estruturas culturais de todo o País foram excluídas – apesar de terem sido avaliadas positivamente – e não obtiveram apoio», por falta de orçamento. Sobre o anúncio do Governo de reforço orçamental de 79 milhões de euros para o ciclo do Programa Apoios Sustentados 2023/2026, referiu que «são pouco mais de metade do valor que o Governo decidiu dar de mão beijada às concessionárias das auto-estradas» no início do ano e «o valor que a banca abotoou em lucros nos últimos sete dias».

Face à actual situação, o Secretário-geral do PCP apelou à «mobilização» de todos os intervenientes no sector pela «exigência e concretização de uma política e de opções que correspondam aos seus interesses, uma política e opções que, se assim for, são o garante do direito à fruição cultural do nosso povo». «Só uma intervenção pública respeitadora da liberdade cultural está em condições de a assegurar» e «essa exige um financiamento adequado, garantindo 1 % do Produto Interno Bruto, conforme recomendação da UNESCO», defendeu.

Valorizar a Cultura

No «palco» desta iniciativa do PCP estiveram ainda António Gavela, membro do Executivo da Direcção da Organização Regional de Évora (DOREV), Carlos Pinto de Sá, da DOREV e presidente da Câmara Municipal de Évora (CME), Patrícia Machado, da Comissão Política do Comité Central e responsável pela Organização Regional de Évora, e Ângelo Alves, da Comissão Política do Comité Central e responsável pela Direcção Regional do Alentejo.

Carlos Pinto de Sá também destacou a conquista de Évora – Capital Europeia da Cultura 2027, «um acontecimento histórico, de grande dimensão nacional e internacional, determinante para a construção de um futuro de progresso para Évora e para o Alentejo». «É reconhecido o fundamental papel de liderança e proposta que a CME, dirigida pela CDU, tem tido no processo e na conquista daquele título», destacou.

O momento contou ainda com os testemunhos de Paula Garcia, coordenadora da equipa de missão de Évora Capital Europeia da Cultura 2027, de José Mendes (sobre o Movimento Associativo), Helena Zuber (sobre o Ensino Artístico Especializado), Gil Porto (sobre a integração da Direcção Regional de Cultura do Alentejo na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo) e José Russo (sobre o apoio às Artes).

A sessão ficou marcada pela actuação do marionetista Manuel Dias, do projecto TRULÉ, que muito recentemente foi premiado na Sérvia, no 25.º International Puppet Festival «Golden Sparkle».