Regras e armas
Quase todas as semanas somos confrontados com imagens de violência brutal que nos chegam dos EUA e que, numa grande parte das vezes, envolvem o uso de armas por crianças e adolescentes, nomeadamente em contexto escolar.
A situação é tal que, só nos primeiros quatro meses deste ano, de acordo com informações que recentemente vieram a público, já vai em mais de 200 o número de incidentes com tiroteios em massa nos EUA, o que levou, inclusivamente, diversos estados (Nova Zelândia, Austrália, Canadá, Reino Unido, França, Venezuela e Uruguai) a emitir alertas para os seus cidadãos que viajam para aquele país. Por aquilo que se conhece a partir das pesquisas realizadas, nos últimos três anos, registaram-se, em média, naquele país, 600 casos anuais de tiroteios em massa. O que também não admira, já que os EUA são o único país no mundo onde o número de armas é superior à população (330 milhões de habitantes).
Esta é, aliás, a maior causa de morte na infância, neste país, ultrapassando as doenças, a desnutrição infantil, os acidentes domésticos, os acidentes automobilísticos. Um em cada cinco americanos adultos tem um membro da família que foi morto por uma arma de fogo.
Perante tal cenário, percebe-se melhor porque querem os EUA – o verdadeiro campeão dos «direitos humanos» em todo o universo, como insistem em fazer saber, a bem ou a mal – impor aos outros países a sua concepção de «ordem mundial baseada em regras». Regras para matar, obviamente, num mundo com armas, muitas armas. Tantas e tais armas que garantam que as multinacionais (nomeadamente do armamento) possam continuar a arrecadar os lucros fabulosos que fazem da indústria militar um dos sectores que mais lucros obtém. E para que a exploração possa livremente prosseguir o seu caminho. Sempre em nome dos «direitos humanos». Com regras, é claro. Com muitas regras e mais armas.