Nos 78 anos da vitória sobre o nazi-fascismo – defender a democracia e a paz

Assinalou-se a 9 de Maio o 78.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. Em Portugal, a data foi evocada enquanto compromisso com a memória histórica e a luta, que continua, pela democracia e a paz.

Defender a memória histórica é parte da batalha que hoje se trava

Sobre este acontecimento maior da História ocorre, desde há muito, uma intensa ofensiva ideológica, que visa, entre outros inaceitáveis objectivos, branquear o que foi o nazi-fascismo e os seus crimes, ocultar o contributo determinante da URSS, dos comunistas e de outros resistentes antifascistas para a vitória e desvirtuar o que esta representou para o avanço da causa da emancipação dos trabalhadores e dos povos. Procurando assim enaltecer os EUA e a UE, promovendo o imperialismo e o seu domínio no plano mundial.

Para tal, tudo serve para tentar apagar da consciência colectiva que foi a União Soviética – com o seu heróico povo, o seu Exército Vermelho, o seu Partido Comunista – a desempenhar o mais destacado papel na derrota do nazi-fascismo.

A URSS não venceu a guerra sozinha, é certo, mas foi ela a suportar o maior custo em vidas humanas – mais de 20 milhões de mortos. Ali se travaram também as mais decisivas batalhas, que mudaram o curso da guerra: a primeira derrota das forças do nazismo alemão e seus aliados às portas de Moscovo, em finais de 1941; a maior batalha da guerra (e da história) em Stalinegrado, com a vitória soviética consumada em Fevereiro de 1943; a passagem definitiva da iniciativa da guerra para o lado da União Soviética após Kursk; a resistência do povo de Leninegrado e a ruptura do cerco em Janeiro de 1944; a vitória final, em Berlim, em Maio de 1945.

O contributo decisivo da URSS para a vitória é, inclusivamente, mensurável: até Junho de 1944, quando é finalmente aberta a segunda frente, na sequência do desembarque anglo-americano na Normandia, os soviéticos combatiam contra 92% das tropas terrestres nazi-fascistas, passando a opor-se a 74% delas após essa data. O Exército Vermelho foi responsável por 90% das perdas alemãs na Segunda Guerra Mundial.

 

Uma luta de hoje

Numa sessão promovida, dia 7, pela Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação Iúri Gagárin, evocou-se precisamente o sacrifício de milhões de vidas – russas, ucranianas, bielorrussas, moldavas, cazaques… – para que o projecto de exploração e opressão do nazi-fascismo fosse derrotado. O concerto «Alegria com lágrimas nos olhos», a exposição fotográfica «As Mulheres na Grande Guerra» (produzida pelo Clube Histórico-Patriótico de Chisinau, na Moldova) e a conversa com o veterano bielorrusso Mikhail Gordon, por vídeo-chamada, acrescentaram emoção àquela evocação, já de si com um grande significado emocional pelo facto de muitos dos presentes, imigrantes dos países que compunham a URSS, terem perdido familiares na Grande Guerra Patriótica.

O vice-presidente da Associação Iúri Gagárin, António Damasceno, e o coordenador da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), José Pedro Soares, lembraram muitos dos factos históricos atrás referidos, mas não se ficaram por aí: alertaram para os riscos actuais colocados pela guerra e pelo fascismo – ambos promovidos pelo imperialismo – e apelaram à intensificação da unidade, da acção e da luta pela paz, a democracia, os direitos.

Isso mesmo valorizou, no próprio dia 9, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), que, em nota evocativa, destaca o que a derrota do nazi-fascismo possibilitou ao nível dos avanços dos princípios de «convívio internacional e de progresso social, de alento à mudança de rumo político em todo o mundo e do salto em frente dos movimentos de libertação nacional rumo à descolonização e queda dos impérios europeus».

O CPPC destaca ainda a criação da Organização das Nações Unidas e a sua Carta fundadora, assinada apenas um mês após a rendição alemã. Esse documento, realça, tornou-se num «renovado instrumento de concertação internacional», visando a «manutenção da paz e da segurança internacional, o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações e a promoção do progresso social, condições de vida e direitos humanos».

 

Denúncia e mobilização

É também o CPPC a registar o «constante desrespeito» pelo espírito e letra da Carta da ONU, desde a sua fundação, por parte de vários Estados. De facto, menos de dois meses após a sua assinatura, os EUA lançam as bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasáqui e, em 1949, é criada a NATO, bloco político-militar belicista contrário ao sistema de segurança colectivo preconizado na Carta: a imposição da denominada Guerra Fria – marcada pela chantagem nuclear, a corrida aos armamentos, a profusão de bases militares, os golpes de Estado e as guerras de agressão – procurou travar o ímpeto libertador dos povos, na sequência da vitória sobre o nazi-fascismo.

Com iniciativas como os Concertos pela Paz, realizados no sábado e no domingo, em Vila Nova de Gaia e Matosinhos, o CPPC alarga a denúncia da política de confrontação e guerra do imperialismo – generalizada com o desaparecimento da URSS e do campo socialista, no final do século XX – e mobiliza para a luta essencial pela liberdade, a democracia, a soberania, a cooperação, a amizade, a paz.

 

Uma questão de «ADN»

Outro eixo da ofensiva ideológica do imperialismo relativa à Segunda Guerra Mundial é o que oculta a natureza de classe do nazi-fascismo – caracterizado pela Internacional Comunista, em 1935, como a «ditadura terrorista aberta dos elementos mais reaccionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro».

O caminho para o poder do partido nazi, e do seu líder Adolf Hitler, foi apoiado e financiado por alguns dos mais poderosos monopólios (alemães e não só), que apoiavam o seu programa militarista, expansionista, racista, antidemocrático e anticomunista e lucraram com o desenvolvimento da indústria armamentista, o sistema prisional e o trabalho escravo dos campos de concentração. No seu objectivo de esmagar o movimento operário e comunista e virar a sua brutal máquina de guerra contra a União Soviética, os nazi-fascistas encontraram cumplicidades também em importantes sectores das elites britânica, francesa e norte-americana.

Como a história se encarregou de mostrar, e a actual situação mundial confirma, o fascismo não é uma excepcionalidade alemã. É, sim, um recurso do capitalismo para fazer face à sua crise. Hoje como sempre.

 



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