Marcha pelo direito à saúde em Lisboa, Porto e Coimbra
Utentes e profissionais de saúde vão participar, dia 20 de Maio, nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, numa marcha contra a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Exigem mais investimento e condições de trabalho dignas.
Governo continua a não contratar os profissionais suficientes
A «Marcha em Defesa da Saúde» é organizada pela CGTP-IN, Federação dos Sindicatos da Função Pública (FNSTFPS), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) e Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).
Sexta-feira, em conferência de imprensa na sede da União de Sindicatos de Lisboa, Sebastião Santana, Coordenador da FNSTFPS e da Frente Comum, revelou que a marcha «conta já com a adesão de dezenas de instituições e com muitos milhares de pessoas que já disseram que vão participar» na iniciativa. No entanto, acrescentou, «nunca será de mais a participação de todos e todos estão convidados» a participar, no dia 20 de Maio, nas acções de Lisboa(Campo Pequeno, às 15h00), Porto(Hospital de São João, às 15h00) e Coimbra(Centro de Saúde Fernão Magalhães, às 11h00).
Como salientou Sebastião Santana, o «quadro em que chegou o SNS não resulta de nenhum acaso, mas do desinvestimento» de sucessivos governos«nas políticas de saúde», com o objectivo de «favorecer os interesses» dos «grandes grupos económicos da saúde». «A população e os trabalhadores reconhecem o valor desta conquista de Abril e estão dispostos a lutar por ela. É por isso que vamos para a rua no dia 20 de Maio», salientou o dirigente.
Também Célia Portela, da União de Sindicatos de Lisboa, considerou ser «obrigatório» estar presente na marcha, quando está em causa «a defesa e o reforço do SNS». «Como todos sabemos, Lisboa e Vale do Tejo é uma das regiões mais atingidas pela falta de profissionais de saúde, o que tem reflexos nas listas de espera para as cirurgias e consultas», destacou. Alertou ainda para o tempo de espera dos trabalhadores que estão em baixa médica e que «são obrigados a regressar aos locais de trabalho sem as respectivas cirurgias feitas».
Por seu lado, Luísa Silva, da União de Sindicatos de Coimbra, falou sobre as consequências da «fusão» dos hospitais da Universidade com o dos Covões, que levou a múltiplos encerramentos, e deu conta da intenção do Governo PS prosseguir com a integração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo e do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro (na Tocha) em Cantanhede. «Esta nova fusão vem provar que o Governo está a desinvestir no SNS», denunciou.
O MUSP, pela voz de Cecília Sales, lamentou que o projecto de requalificações das urgências hospitalares, apresentado em Março pelo director executivo do SNS, ainda não tenha tido resultados práticos.
Razões do protesto
Num folheto que está a ser distribuído em todo o País afirma-se as razões do protesto: exigir condições de trabalho, carreiras e remunerações dignas aos profissionais de saúde; exigir mais investimento e reorganização do SNS; garantir o acesso universal aos cuidados de saúde; garantir uma política de promoção da saúde e de prevenção da doença.
«É urgente a alteração da política de saúde que tem como consequência 1 milhão e 600 mil utentes sem médico de família; a manutenção de extensas listas de espera para consultas, cirurgias e tratamentos; o encerramento de serviços públicos de saúde; o encerramento de centros de saúde; a carência de camas de internamento nos hospitais, bem como de cuidados continuados e o congestionamento das urgências hospitalares por falta de outra alternativa dos utentes», aponta-se no documento.