Taiwan pertence à China

Albano Nunes

Os EUA assumem ser a China o seu «inimigo principal»

A escalada de confrontação imperialista que tem tido como principal alvo visível a Rússia é global, envolve todos os continentes e os países que defendem a sua soberania e está sobretudo dirigida contra a República Popular da China.

O imperialismo norte-americano não só não esconde como afirma que o seu «inimigo principal» é o grande país asiático, cujo impetuoso desenvolvimento considera necessário conter pois, chega a afirmá-lo, põe em causa os «interesses» e mesmo a «segurança» dos EUA e atenta contra a «ordem liberal com regras», as «regras» que pretende impor ao mundo subvertendo de alto a baixo a ordem resultante da derrota do nazi-fascismo reflectida na Carta das Nações Unidas.

O ódio do imperialismo norte-americano em relação à China vem de longe, desde a revolução de 1911 protagonizada por Sun Yat-sen, um patriota amigo da Revolução de Outubro, que aboliu os «tratados desiguais» e começou a pôr fim ao «século de humilhação» nacional do povo chinês, e tornou-se frontal com o triunfo da Revolução chinesa de 1949. Foi então que os EUA, que protegeram a fuga da clique reaccionária de Chiang Kai-shek para Taiwan, transformaram esta ilha numa base de permanente ingerência e provocação contra a soberania e integridade territorial da República Popular da China (RPC).

É certo que os EUA muito se empenharam em afastar a China do caminho do socialismo. São conhecidas as proezas de Kissinger e não vão longe os tempos em que o imperialismo depositou grandes esperanças numa «evolução pacífica» da China para o capitalismo. Mas os valores da heroica revolução chinesa prevaleceram e, seguindo o seu próprio caminho, os comunistas e o povo chinês venceram atrasos, resolveram problemas de grande dimensão, lograram impressionantes ritmos de desenvolvimento que, não obstante dificuldades e contradições, tornaram a RPC num influente país no mundo.

É isto que é insuportável para o imperialismo, e em primeiro e destacado lugar para os EUA, uma potência cujo declínio é já geralmente reconhecido, mas que procura por todos os meios salvaguardar a hegemonia alcançada com o desaparecimento da União Soviética e as derrotas do socialismo.

A instrumentalização da questão de Taiwan insere-se neste ambicioso objectivo. Afirmando respeitar a política de «uma só China», os EUA torpedeiam a reunificação pacífica da China, instigam o separatismo, armam os separatistas até aos dentes, empreendem uma perigosíssima escalada de provocações. Após a provocatória visita de Nancy Pelosi a Taiwan, os EUA dão um passo ainda mais incendiário ao receber a sua Presidente no Capitólio, garantindo-lhe ainda mais armamento e oferecendo-lhe palco para propaganda dos seus propósitos separatistas.

A resposta política e militar da China não se fez esperar ao afirmar, sem lugar para dúvidas, a determinação em defender a sua soberania e integridade territorial, empreendendo simultaneamente numerosas iniciativas diplomáticas que confirmam a RPC como actor incontornável no plano internacional. O pânico suscitado entre os fautores da guerra pelas recentes visitas à China do presidente da França e (sobretudo) do presidente do Brasil, Lula da Silva, é a este respeito particularmente significativo.




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