Greves por melhores salários com fortes níveis de adesão

Unidade e combatividade foram marcas comuns das greves na JANZ, na Fico-Cables e na agência Lusa, realizadas na semana passada. Em todas, o objectivo principal foi a exigência de aumentos salariais.

Os aumentos salariais devem compensar as graves perdas de poder de compra

De quinta-feira, 30 de Março, até ao passado domingo, estiveram em greve os trabalhadores da agência Lusa. A grande adesão, estimada em 90 por cento pelos sindicatos (Jornalistas, SITE CSRA e Sitese), levou a que fosse decidida a interrupção do serviço, ao fim de mais de 14 horas sem nenhuma notícia distribuída.
No primeiro dia de greve, realizaram-se concentrações frente à sede da agência, em Lisboa, e à delegação, no Porto, onde se deslocou uma delegação da direcção regional do PCP. Na sexta-feira, outra concentração teve lugar junto da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa. Aqui, em reiterada expressão de solidariedade, esteve Paula Santos, da Comissão Política do PCP e deputada.
Depois de a administração ter subido a sua proposta de aumentos salariais, de 35 para 74 euros, os sindicatos insistiram que este valor é insuficiente, reclamando 100 euros para todos, como decidido pelos trabalhadores em plenários.

«À força desta luta, a administração deve responder negociando as reivindicações apresentadas, para uma valorização salarial sem discriminações», afirmou a Fiequimetal/CGTP-IN, a 31 de Março, último dia de uma semana de greves na JANZ (Grupo SIT), em Lisboa. Desde segunda-feira, 27 de Março, «a grande maioria dos trabalhadores» fez greve, uma hora por turno, todos os dias.
Nos momentos de paralisação, grupos de trabalhadores reuniram-se no exterior da empresa, com uma faixa, bandeiras e amplificação sonora, «suscitando manifestações de apoio de muitos dos que por ali passaram». João Ferreira, da Comissão Política do PCP, esteve ali no dia 30, de manhã, saudou a coragem dos trabalhadores e declarou solidariedade à sua justa luta, por negociação do caderno reivindicativo, valorização profissional, correcção das categorias profissionais e melhores condições de vida e de trabalho, como referiu o SITE CSRA.

Nos dias 24 e 31 de Março, durante duas horas por turno, fizeram greve os trabalhadores da Fico Cables, na Maia, com grande adesão. Decorre ainda uma greve a todo o trabalho suplementar, até 30 de Abril. A decisão de encetar estas formas de luta, como explicou o SITE Norte, foi tomada em plenários e dá continuidade às lutas encetadas nos dias 9 e 10 de Fevereiro.
Os trabalhadores continuam a exigir «aumentos salariais dignos e justos, que reponham a perda de poder compra, reavaliando as actualizações salariais de Janeiro e tendo em conta a reivindicação de que nenhum trabalhador tenha um aumento inferior a 100 euros». Reclamam igualmente «respostas concretas» ao Caderno Reivindicativo e o fim de uma avaliação de desempenho, que resulta em «aumentos salariais de forma discriminatória e injusta».
Dirigentes do sindicato e trabalhadores da Fico Cables, citados pelo Notícias Maia, explicaram que os salários de grande parte destes operários rondam o salário mínimo nacional, pelo que são insuficientes aumentos de 30 ou 40 euros.

 



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