Trabalhadores franceses em mobilização histórica
Em França, a sexta jornada de greves e manifestações contra a reforma das pensões, convocada este ano pela Intersindical, que aglutina as principais centrais, mobilizou três milhões e meio de pessoas, em 300 protestos em todo o país.
Mobilizações em França contra a reforma das pensões envolveram 3,5 milhões de pessoas
Três milhões e meio de pessoas manifestaram-se na terça-feira, 7, contra a reforma das pensões, numa das maiores mobilizações populares da história republicana de França, asseguram os sindicatos.
Só em Paris, de acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), 700 mil pessoas desfilaram na sexta jornada de greves e protestos convocados em 2023 pela Intersindical, que agrupa as oito principais centrais sindicais do país.
Trata-se, para os trabalhadores, de rejeitar um projecto de lei governamental que prevê a extensão da idade legal de reforma dos 62 para os 64 anos, além de aumentar o período de descontos e de eliminar regimes especiais de pensões.
Globos gigantes, bandeiras, cartazes e faixas com palavras de ordem coloriram as cerca de 300 manifestações por todo o país. As greves realizadas afectaram fortemente os sectores dos transportes públicos (comboios suburbanos e metro, sobretudo), da educação (escolas fechadas, estudantes nas ruas), da energia (refinarias bloqueadas), da distribuição de combustível, da recolha de lixo. As paralisações vão continuar, sem final marcado, e os trabalhadores decidirão, diariamente, por quanto tempo elas se manterão.
Insensível ao clamor das ruas de França – outras grandes jornadas de luta, com greves e protestos, já tinham decorrido a 19 e 31 de Janeiro e a 7, 11 e 16 de Fevereiro –, o governo do presidente Emmanuel Macron não dá sinais de recuar na intenção de alterar o sistema de cálculo das pensões de reforma, penalizando os trabalhadores. O projecto de lei formalizando esse recuo laboral continua a ser debatido no Senado, depois de ter passado pela Assembleia Nacional, as duas câmaras do parlamento francês.
O Secretário Nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel, destacou o elevado número de acções de protesto realizadas, «um recorde», e concluiu que «face a uma «mobilização histórica», o Presidente da República tem de abandonar a sua proposta de reforma das pensões.
Professores e médicos
em greve no Reino Unido
No País de Gales, no Reino Unido, os professores estão de novo em greve nestes dias (15 e 16), convocada pelo Sindicato Nacional de Educação (NEU, no acrónimo em inglês), após terem recusado uma proposta de aumento salarial apresentada pelo governo.
O movimento de protesto dos docentes foi suspenso em Fevereiro enquanto o pacote «oferecido» pelo executivo galês era avaliado pelo sindicato, que acabou por rejeitá-lo, por não ser «suficientemente bom». O NEU considerou que a proposta não teve em conta a crise económica actual e o alto custo de vida.
O governo do País de Gales concedeu um incremento salarial de 1,5 por cento, a juntar ao aumento de cinco por cento prometido para este ano. Posteriormente, propôs mais 1,5 por cento num pagamento único e medidas associadas à melhoria das condições laborais dos docentes.
Por outro lado, após uma reunião «decepcionante e dilatória» com o governo, a Associação Médica Britânica (BMA) anunciou a continuidade da sua greve de 72 horas, em Inglaterra, a partir da próxima segunda-feira, 13.
Representantes da associação, que agrupa 48 mil médicos recém-formados e outros com muitos anos de experiência, qualificaram as conversações com o Secretário da Saúde, Steve Barclay, como «uma fachada». Outros sindicatos do sector da saúde avaliam a realização de reuniões com o executivo do primeiro-ministro Rishi Sunak sobre aumentos de salários, num momento em que os trabalhadores das ambulâncias, enfermeiras e fisioterapeutas anunciaram novos protestos.