8 de Março – Dia Internacional da Mulher Memória e actualidade

Fernanda Mateus

O Dia Internacional da Mulher tornou-se um símbolo de luta das mulheres

1. Passam 113 anos da 2.ª Conferência Internacional de Mulher, que aprovou a criação de um Dia Internacional da Mulher e cujas razões e alcance social e político importa conhecer para manter na memória das mulheres do tempo presente o valor da luta travada por sucessivas gerações, que fizeram dele uma data com profundo significado histórico. Uma comemoração que continua a ter plena actualidade para afirmar uma luta de todos os dias pelo muito que ainda falta alcançar em Portugal no cumprimento de direitos das mulheres, na lei e na vida, no efectivo combate e prevenção a todas as formas de desigualdade, discriminação e violências que perduram no quotidiano da maioria das mulheres.

O Dia Internacional da Mulher emerge do movimento operário e revolucionário, tendo como objectivos dar força à luta das trabalhadoras contra a dupla exploração e opressão capitalista a que estavam sujeitas e face à negação dos direitos económicos, sociais e políticos impostos a todas as mulheres.

Clara Zetkin, a destacada dirigente do movimento comunista e internacional que propôs o Dia Internacional da Mulher, foi o rosto na dinamização de um forte activismo em defesa dos direitos das mulheres, profundamente comprometido com a transformação da sua condição social, rasgando novos horizontes na luta emancipadora das mulheres exploradas e oprimidas pelo sistema capitalista.

Com o Dia Internacional da Mulher foi desenvolvido um activismo em defesa dos direitos das mulheres que deu centralidade à trabalhadora, que emergia como parte significativa dos trabalhadores e se destacava na sua luta comum por melhores condições de vida e de salários.

Um activismo que, afrontando a inferioridade milenar imposta às mulheres e valorizando a nova condição de trabalhadoras a que foram chamadas a desempenhar no quadro do sistema capitalista, afrontou igualmente a dupla exploração e opressão – de classe e em função do sexo – que este lhes impôs.

Um activismo comprometido com os direitos das trabalhadoras em que o «seu trabalho é usado pelo capital como um novo e importante factor económico ao serviço da maximização do seu lucro, sendo o sistema capitalista o único responsável pelo trabalho das mulheres não ser sinónimo de mais riqueza para a sociedade e para o bem-estar de cada um dos seus membros, mas somente para o aumento do lucro de um punhado de capitalistas», como afirmou Clara Zetkin.

Ao longo dos últimos 113 anos, o Dia Internacional da Mulher tornou-se um símbolo de luta das mulheres na resistência à ofensiva contra os seus direitos próprios, contra a guerra e pela paz, na valorização dos avanços obtidos pela sua luta, conseguidos na estreita ligação com a luta dos trabalhadores e dos povos nos caminhos da liberdade, da democracia, da consagração de direitos das mulheres, na lei e na vida. Em cada ano se afirma nesta comemoração o muito que é preciso lutar para que a igualdade no trabalho e na vida seja uma realidade vivida e usufruída pelas mulheres, e para que a Paz e a justiça sejam um bem vivido pela Humanidade.

2. Em Portugal, a comemoração desta data está ligada à luta das mulheres na sua oposição ao fascismo, que se ergueu na defesa da liberdade, democracia e paz. As mais antigas referências encontram-se nas edições do Avante! clandestino, entre os anos de 1953 e 1973. Elas dão eco das iniciativas levadas a cabo por mulheres resistentes antifascistas e, a partir de 1970, pelo Movimento Democrático de Mulheres.

Com Abril, esta comemoração tem sido um dia de luta para afirmar uma luta de todos os dias pela consagração, na lei e na vida, dos seus direitos económicos, sociais, políticos e culturais e pela sua participação em igualdade em todos os domínios da sociedade.

3. No tempo presente são muitas as razões para afirmar o significado histórico desta data, num tempo em que as mulheres, enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães, estão sujeitas a pesados sacrifícios no seu quotidiano e a ver hipotecados os seus direitos. Por isso, o 8 de Março continua a ser um dia de luta em defesa dos direitos das mulheres, num país de justiça e de progresso social.

 



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