Urgência de aumentos salariais fez-se ouvir no trabalho e nas ruas

Em concentrações e manifestações, realizadas em todos os distritos, e em greves, paralisações e plenários, a transbordarem para o exterior de centenas de empresas e serviços, muitos milhares de trabalhadores responderam ao apelo da CGTP-IN e fizeram de 9 de Fevereiro um «dia nacional de indignação, protesto e luta», para reclamar o urgente e justo aumento dos salários.

A luta vai continuar e vai intensificar-se em todos os sectores

De tarde, a Secretária-geral da CGTP-IN deu conta de que, «por todo o País, em todos os sectores, são muitos milhares os trabalhadores que dão expressão à sua indignação, que protestam e lutam por mais salários, por melhores condições de trabalho, que exigem resposta aos problemas que se acumulam e que não aceitam que continuem».

Isabel Camarinha interveio, junto da Assembleia da República, no final da manifestação que mobilizou milhares de pessoas, desfilando com energia e alegria desde a Praça Luís de Camões. Referiu que houve «greves e paralisações, plenários e concentrações nos locais de trabalho e “praças da indignação” em todo o País, como esta grande acção que estamos a realizar em Lisboa, onde convergem trabalhadores, reformados e pensionistas e outras camadas da população».

Mais adiante, detalhou que estiveram «em greve e em luta» trabalhadores «da Administração Pública (das escolas, das autarquias, da saúde)» e «do sector privado, seja na indústria (indústrias eléctricas, metalúrgicas, química, alimentar, têxteis, vidreiros, cerâmica, cortiça), seja no comércio (empresas de distribuição, retalhista, logística), nas pescas e na agricultura, nos transportes e comunicações, no sector social e na hotelaria».

Neste ponto alto da jornada Pelo aumento geral dos salários! Contra o aumento do custo de vida e pelo controlo dos preços!, Isabel Camarinha assinalou que «as nossas dificuldades são lucros para os grandes grupos económicos e financeiros» e insistiu que «não pode ser, não tem de ser assim», pois «é possível, é necessária outra política, que valorize o trabalho e os trabalhadores».

Tal política «tem na acção que hoje desenvolvemos, na acção e luta de sempre e que ao longo dos últimos meses intensificámos, uma condição determinante para a conquista de direitos». Nos próximos tempos, assegurou a dirigente, «temos de esclarecer e mobilizar ainda mais», «a luta vai continuar e intensificar-se em todos os sectores».

O prosseguimento da luta fora pouco antes afirmado por Marta Curado, dirigente da Interjovem. Depois de abordar os problemas ainda mais graves dos trabalhadores jovens, destacou uma mão-cheia de «grandes exemplos» de unidade e determinação, em defesa de melhores salários, estabilidade laboral e garantia de direitos, recordando que um momento forte de luta comum ocorrerá nas manifestações do Dia Nacional da Juventude (28 de Março), em Lisboa e no Porto.

Na Resolução, lida, aprovada e aclamada após estas duas intervenções, valorizando as acções realizadas no dia 9, ficou reafirmado «o compromisso de continuar este caminho, intensificando a acção reivindicativa, dando expressão à indignação e ao protesto, reforçando a organização e intervenção dos sindicatos de classe da CGTP-IN, na luta pelas respostas necessárias aos trabalhadores e ao País». Tal significa prosseguir «a acção reivindicativa nos locais de trabalho, empresas e sectores», «fazer ouvir nas ruas as vozes da nossa indignação, protesto e reivindicação» e «promover a convergência da força imensa dos trabalhadores».

Pode-se viver melhor

A CGTP-IN, na Resolução do «dia nacional de indignação, protesto e luta», contrapõe aos problemas graves dos trabalhadores e do País a afirmação de que «é possível viver melhor».

Para isso, «são precisas respostas imediatas», como «o aumento dos salários e pensões, no imediato, a fixação de limites máximos nos preços dos bens e serviços essenciais e a taxação extraordinária sobre os lucros colossais das grandes empresas».

Por outro lado, há que dar resposta às reivindicações colocadas para 2023, designadamente:

- Aumento dos salários em, pelo menos, 10%, e não inferior a 100 euros, para todos os trabalhadores;

- Valorização das carreiras e profissões;

- Fixação do salário mínimo nacional em 850 euros, com referência a Janeiro;

- Efectivação do direito de contratação colectiva;

- 35 horas para todos e combate à desregulação dos horários;

- Erradicação da precariedade;

- Revogação das normas gravosas da legislação laboral;

- Aumento de todas as pensões e reformas, para repor o poder de compra e assegurar a sua valorização;

- Reforço dos serviços públicos e funções sociais do Estado, e o direito à habitação.

 

Partido com quem luta

Em Lisboa, no final da descida da Calçada do Combro, os manifestantes foram saudados pelo Secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, à frente de uma delegação que integrou Francisco Lopes, João Frazão, Margarida Botelho e Ricardo Costa, membros dos organismos executivos do Comité Central do Partido, e os deputados Alfredo Maia (Assembleia da República) e João Pimenta Lopes (Parlamento Europeu).

Em breves declarações, Paulo Raimundo considerou que «estamos perante uma grande jornada», com «um conjunto muito significativo de acções, de greves, paralisações, com expressão de rua», realçando que «há uma grande determinação e uma grande alegria, uma grande unidade», «numa luta que é mais que justa».

Um pouco por todo o País, em inúmeras iniciativas – tanto nas concentrações e manifestações de âmbito distrital, como noutras acções de rua convergentes ou em protestos no exterior de locais de trabalho –, outros dirigentes e deputados, bem como eleitos em órgãos autárquicos, marcaram presença solidária, evidenciando assim como o Partido dos trabalhadores está, no dia-a-dia, com quem luta por melhores condições para si e melhor futuro para o País.

 

Aumentem os salários agora!

«Falam dos salários que são baixos, patrões e comentadores, o Governo e a direita, mas sempre que chega a altura de decidir, uns e outros optam por manter tudo na mesma», criticou Isabel Camarinha, exigindo «que se acabe com a hipocrisia da proclamação e se passe à acção».

No caso do salário mínimo nacional, o Governo deve fixá-lo «já nos 850 euros, como primeiro passo para um processo de evolução que acabe de vez com a infâmia que é continuar a haver no nosso País quem trabalhe oito e mais horas e, mesmo assim, não ganhe o suficiente para deixar a pobreza».

Quanto à generalidade dos salários, a Secretária-geral da Intersindical questionou quem, admitindo que são baixos, «insiste em manter os mecanismos que os degradam», «opta por manter a caducidade na contratação colectiva e por não repor o princípio do tratamento mais favorável» na legislação laboral.

A propósito da «Agenda» que iria ser votada no dia seguinte, interrogou «que dignidade se quer, quando o Governo mantém os instrumentos que o patronato usa para fazer chantagem, para bloquear a negociação colectiva, para condicionar o aumento dos salários e assim garantir o aumento dos lucros».

E se, na Administração Pública, os salários são «tão baixos que provocam a sangria de trabalhadores, que põe em causa o funcionamento dos serviços», «porque insiste o Governo em impor e aprofundar a política de empobrecimento» dos trabalhadores e agravar «uma degradação que abre as portas ao negócio privado»?

A CGTP-IN rejeita «a conversa de que é preciso produzir mais, para depois distribuir, ou de que vem aí a “espiral inflacionista”, ou que era a pandemia, agora a guerra e depois qualquer outra desculpa». «Os salários têm de aumentar agora, porque é agora que falta para a comida, para a casa, para o aquecimento, para os medicamentos», «é agora que não temos o suficiente para as necessidades dos nossos filhos e das nossas famílias».

 

 

Galeria:



Mais artigos de: Em Destaque