1911 – Britânicas boicotam recenseamento

«Não há voto, não há recenseamento. Já que as mulheres não contam, elas recusam-se a ser contadas.» Palavras da sufragista britânica Sophia Duleep Singh, activista do boicote ao recenseamento de 1911 no âmbito da luta pelo direito de voto das mulheres no Reino Unido. Na mesma altura, Emily Wilding Davison, militante da Women's Political and Social Union (WSPU), infiltra-se no Parlamento britânico e passa lá a noite, escondida numa arrecadação, numa reivindicação simbólica do direito das mulheres a estar representadas nas instituições políticas do país. É descoberta pela manhã e entregue às autoridades, mas antes de ser presa, em mais um gesto de protesto, preenche o formulário do censo dando como morada permanente a Câmara dos Comuns. Os documentos sobre o boicote de 1911 só vieram a público em 2019 e testemunham o importante papel da WSPU, cujo lema era «Deeds, not words» (Actos, não palavras), no movimento sufragista britânico. Jill Liddington e Jill Norris, em One Hand Tied Behind Us. The Rise of the Women’s Suffrage Movement (Uma mão amarrada nas costas. A ascensão do movimento sufragista feminino), publicado em 1978, resgatam do esquecimento o envolvimento da classe operária, dos sindicatos e forças políticas na luta pelo direito de voto das mulheres.