Da realidade à proposta, conhecer para intervir

João Pimenta Lopes

É um com­pro­misso de sempre dos de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu (PE) uma pro­funda li­gação à re­a­li­dade, con­dição es­sen­cial para ro­bus­tecer e ala­vancar a in­ter­venção ins­ti­tu­ci­onal. A aná­lise e in­ter­pre­tação da si­tu­ação po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial ca­re­cerá sempre do es­tudo das po­lí­ticas, das me­didas, das es­ta­tís­ticas e ten­dên­cias. A partir daí, po­de­remos alertar para as con­sequên­cias de de­ter­mi­nadas po­lí­ticas, ou pro­ceder a ca­rac­te­ri­za­ções so­ciais como ín­dices de po­breza ou de massa sa­la­rial e a sua pro­gressão (entre tantas, tantas ou­tras va­riá­veis).

Mas nada po­derá subs­ti­tuir a tra­dução con­creta do im­pacto de po­lí­ticas ou da ex­pressão de es­ta­tís­ticas no co­nhe­ci­mento da re­a­li­dade por via do con­tacto di­recto com aqueles que para al­guns não passam de nú­meros. É essa li­gação à re­a­li­dade que ga­rante que, no plano da in­ter­venção ins­ti­tu­ci­onal, a crí­tica, o ques­ti­o­na­mento, a pro­posta, não cor­res­pondam a um mero exer­cício teó­rico ou de ex­tra­po­lação de es­ta­tís­ticas, mas que te­nham adesão às ne­ces­si­dades con­cretas com que os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês se con­frontam, às es­pe­ci­fi­ci­dades dos pro­blemas.

É também nesse quadro que os de­pu­tados do PCP no PE estão a di­na­mizar jor­nadas de tra­balho sob o lema Con­tigo todos os dias - A tua voz no Par­la­mento Eu­ropeu, que tendo co­me­çado em Braga, e já per­cor­rido os Açores, per­cor­rerão todos os dis­tritos do País até ao final do pró­ximo ano. Foram já muitos, e muitos mais serão ainda os con­tactos com re­a­li­dades muito di­versas do nosso País. Do con­tacto com tra­ba­lha­dores à porta das em­presas e fá­bricas, ao con­tacto com co­mer­ci­antes, pe­quenos pro­du­tores, mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo, sin­di­catos, es­tu­dantes, com as po­pu­la­ções onde quer que es­tejam, no bairro, no mer­cado, no café.

Em cada con­versa, a cons­ta­tação na pri­meira pessoa do baixo sa­lário (cada vez mais com o sa­lário mí­nimo como re­fe­rência) que não chega ao fim do mês, dos ele­vados ritmos de tra­balho, da de­fi­ci­ente res­posta nos trans­portes, ou na saúde, aos ele­vados custos da ha­bi­tação, aos baixos preços pagos à pro­dução agra­vados pelo au­mento dos custos das ma­té­rias primas.

Em cada pa­lavra, em cada olhar, em cada ex­pressão das di­fi­cul­dades com que se cons­trange um povo, a con­fir­mação prá­tica da va­li­dade das pro­postas em tantas di­men­sões. Em cada con­tacto, a opor­tu­ni­dade de dar a co­nhecer as pro­postas do PCP para res­ponder à si­tu­ação de ur­gência na­ci­onal. Em cada con­versa, a pos­si­bi­li­dade para dar a co­nhecer in­ter­ven­ções feitas tendo pre­sentes as sin­gu­la­ri­dades de cada re­gião ou para re­co­lher ele­mentos que per­mitam novas in­ter­ven­ções e ques­ti­o­na­mentos no Par­la­mento Eu­ropeu. Ligar a re­a­li­dade à in­ter­venção. Só assim po­derá ser a nossa in­ter­venção.




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