Exigidos desde já aumentos salariais
Na Administração Local, na VW Autoeuropa, na Carris e no Grupo Altice, os sindicatos exigem a imediata actualização dos salários, como primeira e urgente medida de resposta ao aumento dos preços.
As reivindicações confluem nas acções que a CGTP-IN promove até dia 15
A frente sindical do Grupo Altice lançou uma nova ronda de plenários de trabalhadores no activo e aposentados (todos beneficiários dos três planos de saúde atacados pela administração), em todos os maiores locais de trabalho, no exterior dos edifícios. Num comunicado de dia 19, os sindicatos Sinttav, Sntct, STT, FE e Sinquadros explicaram que «o objectivo é continuar o debate, o esclarecimento e a mobilização sobre dois temas: planos de saúde e aumentos salariais intercalares».
Uma proposta para um aumento intercalar de 50 euros e a subida do salário mínimo no grupo, para 835 euros, em Julho, foi rejeitada à partida pela administração. Mas, a 25 de Julho, a presidente executiva (CEO) disse aos representantes sindicais que o assunto estava em estudo. No dia 8, em resposta à insistência dos sindicatos, os Recursos Humanos reiteraram a recusa de uma actualização salarial generalizada.
Quanto aos planos de saúde, a administração aproveitou o mês de Agosto para comunicar aos beneficiários que, a partir de Janeiro de 2023, pretende que passem eles a ter responsabilidades e custos que até agora são da empresa. «Preparar a Altice para a venda é o verdadeiro objectivo dos donos», acusaram os sindicatos, que divulgaram uma minuta de uma «declaração de oposição» às alterações aos planos de saúde.
Para a frente sindical, «está muito claro que as nossas reivindicações, por mais justas que sejam, não se alcançam sem resposta e intervenção dos trabalhadores e beneficiários».
A Comissão Sindical do SITE Sul na VW Autoeuropa veio persistir na urgência de um aumento extraordinário dos salários para fazer face à subida brutal do custo de vida. Além de ser um aumento justo e necessário, existem todas as condições para que a administração responda de forma positiva à reivindicação, afirma-se num comunicado distribuído na unidade de Palmela da multinacional alemã, no dia 15.
O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN assinala que, apesar de todas as adversidades ocorridas, a administração continua a anunciar resultados históricos e prevê, para este ano, valores novamente bastante positivos.
Remetendo para outro comunicado, em Abril, a Comissão Sindical do SITE Sul lembra que o resultado final da negociação do caderno reivindicativo foi insuficiente e não garantiu a reposição do poder de compra dos trabalhadores em 2022 e 2023. Pelo aumento extraordinário dos salários, em valores que reponham o poder de compra e permitam fazer face ao aumento do custo de vida, os trabalhadores devem manter-se unidos, firmes e determinados.
«É chegado o momento de fazer contas e dizer basta ao assalto de que estamos a ser vítimas», protesta o STRUP, num comunicado de dia 16, dirigido aos trabalhadores da Carris, CarrisBus e CarrisTur, a exigir «Aumento intercalar dos salários, para já e sem demora».
O sindicato da Fectrans/CGTP-IN antecipou que, para manter o poder de compra de um salário de mil euros, com a inflação média em 7,5 por cento, o aumento deveria ser 75 euros, e não apenas 25, como foi aplicado naquelas empresas. Mesmo que o Governo decida devolver 125 euros em Outubro, ainda falta muito para os 700 euros anuais que não estão a ser pagos (diferença de 50 euros, multiplicada por 14 meses).
Para dar força à reivindicação, foi lançado um abaixo-assinado.
Ao cuidado do PM
Uma «carta reivindicativa imediata dos trabalhadores da Administração Local» foi entregue por dirigentes do STAL, no dia 17, em Viseu, à ministra da Coesão Territorial, no final do Encontro Nacional de Autarcas, que ali decorreu, por iniciativa da Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
O documento, como o sindicato informou, estava dirigido ao primeiro-ministro, mas este – depois de o sindicato ter anunciado uma acção de protesto para o local – desmarcou a sua presença no evento.
O sindicato recorda os baixos salários praticados na Administração Local e Regional, as perdas acumuladas desde 2009 e a «desvalorização abrupta e incomportável» dos últimos meses, para justificar as reivindicações de aumentos salariais (90 euros para todos e 800 euros de salário mínimo nacional) e do subsídio de refeição, correcção da Tabela Remuneratória Única, redução a 12 meses (em vez de 14) da contribuição para a ADSE, taxação dos lucros e tabelamento dos preços de bens essenciais.